Justiça espanhola aceita denúncia do Brasil sobre racismo contra Vini Jr.
Entidades brasileiras cobraram medidas tanto do governo quanto do campeonato La Liga para lidar com os episódios de racismo sofridos pelo jogador
A Defensoria do Povo da Espanha recebeu e aceitou um pedido de investigação sobre o racismo sofrido por Vinicius Júnior em uma partida entre o Real Madrid e o Valencia, no domingo 21.
Nesta quarta-feira 24, um representante da justiça espanhola, Ángel Gabilondo Pujol, afirmou que o órgão recebeu e aceitou as denúncias das entidades brasileiras Ceap (Centro de Articulação de Populações Marginalizadas) e MNDH (Movimento Nacional de Direitos Humanos).
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O documento não se refere apenas à última partida de futebol, mas pelo menos 10 ocasiões diferentes em que Vinicius Júnior foi alvo de ofensas racistas na Espanha, afirmando se tratar de uma questão estrutural.
O pedido demanda ações tanto do governo espanhol quanto do campeonato La Liga. As entidades brasileiras pedem a instauração de um procedimento administrativo para investigar os casos, novas medidas para garantir o respeito ao jogador pela Federação Espanhola de Futebol e um procedimento administrativo para determinar a responsabilidade do próprio Estado nos episódios.
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A investigação estaria baseada em artigos do Código Penal e da Constituição da Espanha, que se referem ao crime de racismo.
Até hoje, contudo, o racismo não foi explicitamente tipificado no Código Penal da Espanha: figura como “delito de ódio”, e só depois o ato criminoso pode ser definido como “motivos racistas”.
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Na Espanha, a situação do combate ao racismo é alvo ainda de polêmicas. Em 2021, o partido de extrema direita VOX, aliado ao bolsonarismo, propôs que o termo “motivos racistas” fosse até mesmo retirado da definição do delito de ódio.
O VOX é também o partido dos herdeiros políticos do ditador espanhol Francisco Franco e que tem como seu eleitor o presidente da La Liga, Javier Tebas.