Kremlin diz que ameaça nuclear de Putin foi ‘tirada do contexto’
Presidente russo havia dito em entrevista que país estava pronto para uma guerra nuclear e que não toleraria que os EUA enviassem soldados para a Ucrânia
Depois de uma entrevista em que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, alertou que o país estava tecnicamente pronto para uma guerra nuclear, o Kremlin denunciou nesta quinta-feira, 14, que seus comentários não constituem uma ameaça de usar bombas atômicas. Além disso, acusou os Estados Unidos de deliberadamente tirarem as falas do mandatário do contexto.
Na entrevista à televisão estatal, publicada na quarta-feira 13, Putin afirmou que a Rússia tinha ogivas suficientes para uma guerra nuclear, e comentou que, caso Washington enviasse seus soldados para lutar na Ucrânia, a iniciativa seria considerada uma “escalada significativa” do conflito.
Em reação às falas do líder russo, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse a repórteres que ele estava reafirmando a a doutrina nuclear de Moscou, e acusou a Rússia de utilizar uma retórica nuclear “imprudente e irresponsável” durante todo o conflito na Ucrânia.
+ Mensagem ao Ocidente: Putin diz que Rússia está pronta para guerra nuclear
Contexto
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, justificou nesta quinta-feira que Putin estava apenas respondendo às perguntas de um jornalista sobre a questão nuclear, e que apenas reafirmou as circunstâncias já bem conhecidas nas quais a Rússia seria “forçada” a usar bombas atômicas.
Peskov também enfatizou que, na mesma entrevista, Putin alegou que a ideia de usar armas nucleares táticas na Ucrânia nunca lhe tinha passado pela cabeça. Para ele, sugerir que o conteúdo da entrevista consistia numa ameaça nuclear foi “uma distorção deliberada do contexto e uma falta de vontade de ouvir o presidente Putin”.
“Deliberadamente tiraram (as falas) do contexto”, disse o porta-voz do Kremlin sobre os comentários da Casa Branca. “Putin não fez ameaças sobre o uso de armas nucleares nesta entrevista. O presidente estava apenas falando sobre as razões que poderiam tornar inevitável o uso de armas nucleares. Estas razões são bem conhecidos em todo o mundo”, acrescentou.