Leilão para passar uma noite na cela de Mandela é adiado após críticas
Comprador ganharia direito de dormir no local onde ex-presidente sul-africano passou 18 anos detidos por luta contra o apartheid
A organização sul-africana CEO Sleepout adiou o leilão que venderia uma noite em uma cela de prisão ocupada pelo ex-presidente da África do Sul e vencedor do Prêmio Nobel da Paz, Nelson Mandela. A suspensão foi motivada pelas inúmeras críticas recebidas pela entidade, informou nesta sexta-feira (6) a imprensa local.
“Os administradores de CEO Sleepout querem expressar suas sinceras desculpas se ofendemos alguém com nossa intenção de arrecadar fundos para uma boa causa”, disse a organização, em comunicado.
A noite na cela número 7 da prisão de Robben Island, uma ilha na costa oeste da África do Sul, tinha o preço de saída de 250.000 dólares, e supostamente quem oferecesse mais dinheiro antes do dia 17 deste mês poderia passar nela a noite do dia seguinte, o 18, que marca o centenário do nascimento de Mandela.
O ex-presidente e seus companheiros ficaram presos 18 anos no presídio, por sua participação no movimento contra o apartheid.
O porta-voz de Robben Island, Morongoa Ramaboa, comentou ao site sul-africano News24 que a ilha é patrimônio histórico, protegida pela Unesco e pelo governo sul-africano, e “nunca ofereceu a ninguém a cela de Mandela”.
No entanto, a organização explicou que recebeu a permissão dos gerentes do presídio, localizado a cerca de sete quilômetros da Cidade do Cabo, para realizar o evento.
Essa permissão, segundo os organizadores, incluía o acesso exclusivo à ilha na última balsa do dia, uma visita noturna e o uso da cela à noite.
Críticas
A iniciativa provocou inúmeras críticas da sociedade sul-africana, que acusou a organização de insensibilidade e de tratar mal seus heróis nacionais. Muitos consideram a Robben Island um símbolo da privação de liberdade e da subjugação às quais a população negra foi submetida no país.
“Nelson Mandela é um exemplo brilhante da importância da educação prisional, de ter estudado na prisão. Os fundos arrecadados com o leilão iriam diretamente para os presos da África do Sul com o objetivo de ajudar sua reintegração na sociedade”, explicou a organização.
Porém, por conta das críticas, a CEO Sleepout informou que o leilão foi adiado e o retirou de seu site.
O leilão, que foi lançado na última quarta-feira (4), já contava com algumas ofertas; uma delas, de 350.000 dóalres, foi registrada sob o nome do ex-presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, com quem Mandela não teve boa relação em seus últimos anos de vida.
(Com EFE)