Líbano tenta taxar WhatsApp e país explode em protestos
No segundo dia de manifestações em Beirute, governo volta atrás e desiste de novos impostos
Insatisfeitos com a crise econômica que assola o Líbano, manifestantes foram às ruas pelo segundo dia seguido para protestar contra as medidas anunciadas pelo governo, entre as quais taxar a utilização de aplicativos de mensagens instantâneas como o WhatsApp, e pedir a queda do primeiro-ministro, Saad Hariri.
Apesar do uso intenso de gás lacrimogêneo contra os manifestantes, milhares deles se concentraram na frente a sede de governo, em Beirute, nesta sexta-feira, 18, cantando “o povo quer a queda do regime”, ateando fogo em pneus e obstruindo vias ao redor da capital.
A força das manifestações fez com que Hariri cancelasse uma reunião de gabinete sobre o orçamento de 2020 para fazer um pronunciamento na televisão. O ministro das Telecomunicações, Mohamed Choucair, anunciou que o pacote de novos impostos não entrará em vigor.
Segundo a rede de televisão Al Jazeera, o Líbano sofre com uma economia desgastada pelos efeitos da guerra civil, que durou 15 anos (1975-1990), pela insegurança e pelos conflitos regionais. No país, a taxa de desemprego entre as pessoas abaixo de 35 anos de idade chega a 37%.
Para contornar seus problemas fiscais, o governo chegou a anunciar um pacote de novos impostos para aumentar a arrecadação. Entre as medidas estava a taxação de aplicativos ao estilo WhatsApp. Seria cobrado 0,83 centavos por dia caso o usuário fizesse uma ligação. Para os manifestantes, foi a gota d’água.
O governo tenta reformar a economia do país. Mas os políticos, muitos deles veteranos da guerra, se mostram relutantes às mudanças enquanto são denunciados por utilizar a máquina estatal em benefício próprio.