Libertação de Lula pode virar Brasil ‘de cabeça para baixo’, diz NYT
Principais meios de comunicação internacionais repercutiram a libertação do ex-presidente após 580 dias preso em Curitiba
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi solto nesta sexta-feira, 8, após 580 dias preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, e a notícia foi destaque nos principais veículos da imprensa internacional. Para o jornal americano The New York Times, sua libertação pode “virar de cabeça para baixo a política brasileira, colocando-o como um rival ardente de esquerda do presidente Jair Bolsonaro”.
Com a manchete “Ex-presidente ‘Lula‘ foi libertado da prisão no Brasil após decisão do Supremo Tribunal”, o Times também alerta que esta é “uma decisão com implicações de longo alcance em casos de corrupção” no Brasil.
Já o argentino El Clarín abre a matéria com uma ressalva: “Sair da prisão agora não significa o fim dos problemas judiciais para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”.
Listando alguns dos casos pelos quais o ex-presidente é investigado, como o sítio em Atibaia, envolvimento do Instituto Lula com pagamentos a empreiteiras e repasses ilegais aos filhos, a matéria ressalta que os problemas de Lula estão só começando.
Enquanto isso, o jornal italiano La Reppublica afirmou que Lula é “o homem mais temido pelo atual chefe de Estado” Jair Bolsonaro.
O veículo também destaca que a primeira coisa que o ex-presidente disse que queria fazer, libertado da prisão, é se casar novamente: “ele está apaixonado”. Lula namora com a socióloga Rosangela da Silva.
Já o jornal britânico The Guardian traçou o histórico da Lava Jato, dando destaque à figura do atual Ministro da Justiça, Sérgio Moro, responsável pela sentença de Lula, a quem descreve como um “juiz controverso”.
Para o Guardian, quando Bolsonaro fez de Moro seu ministro da Justiça, “aumentou o sentimento de injustiça” dos apoiadores do ex-presidente.
O jornal também escreve que, mesmo na prisão, Lula “lançou uma longa sombra sobre o debate político no Brasil – mas sua libertação provavelmente só aumentará as divisões políticas”.
O espanhol El País também alerta para a polarização no país: “Lula, e colateralmente o Partido dos Trabalhadores, é a questão que mais divide seus compatriotas, é amado ou odiado. Não deixa ninguém indiferente”.
Chamando a decisão do juiz federal Danilo Pereira Jr, da 12ª Vara Federal de Curitiba, de “iminente”, afirmou que a libertação de Lula proporciona uma “repercussão política imensa”.
O francês Le Monde destacou a “verdadeira maré vermelha de militantes de esquerda” que acolheu Lula em frente a sede da PF em Curitiba após sua libertação nesta sexta.
“Lula, 74 anos, saiu a pé, sorrindo ao lado de sua companheira, a socióloga Rosângela da Silva, beijando calorosamente simpatizantes e cumprimentando a multidão com um punho levantado”, diz a reportagem.
O jornal americano The Washington Post afirmou que o ex-presidente manteve “enorme influência sobre a América Latina por décadas”. A publicação afirmou ainda que as alegações feitas contra a Lava Jato e seus procuradores, acusados de agir injustamente no processo de Lula, criaram “ondas de choque político em um país amargamente dividido por sua prisão”.
Para a emissora americana CNN, Lula ainda é visto como “o líder da esquerda no Brasil e uma das maiores vozes da oposição contra Bolsonaro”.
A emissora britânica BBC lembrou que Lula governou o Brasil entre 2003 e 2010, mas “se mantém popular”.
“Lula será impedido de concorrer ao cargo [de presidente] por sua ficha criminal”, diz a reportagem no site da emissora. “Ele sempre negou todas as acusações e afirma que elas são politicamente motivadas”.
Já o site do jornal alemão Die Welt conta como a decisão do Supremo Tribunal Federal de derrubar a possibilidade de prisão de condenados em segunda instância influenciou o caso do ex-presidente. “Seus advogados solicitaram prontamente a libertação de Lula após o veredicto de quinta-feira”, diz a reportagem.
“Além de Lula, podem ser libertados pelo veredicto do Supremo Tribunal Federal milhares de prisioneiros” em todo o país, diz o Die Welt.