Líder de sigla de extrema direita alemã é julgado por usar slogan nazista
Promotores afirmam que influente político do partido Alternativa para a Alemanha, Björn Höcke, difundiu ditado das tropas de choque de Adolf Hitler
Björn Höcke, uma das lideranças mais proeminentes do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) compareceu a um tribunal no estado da Turíngia, no leste do país, nesta quinta-feira, 18, para ser julgado sob a acusação de usar um slogan nazista. O processo ocorre meses antes de uma eleição regional em que ele é candidato a governador do estado. Quatro sessões judiciais foram agendadas até 14 de maio.
O político de 52 anos é o líder da seção regional da AfD em Turíngia, bem como uma figura poderosa da extrema direita do partido. Embora nunca tenha sido formalmente uma liderança nacional, o antigo professor de história tornou-se cada vez mais influente no contexto do projeto de radicalização da legenda, que vem destituindo vários nomes considerados moderados.
Acusação
No julgamento no tribunal estadual de Halle, Höcke é acusado de usar símbolos de “organizações inconstitucionais”, o que pode acarretar multa ou pena de prisão de até três anos. Em específico, de encerrar um discurso, apresentado na cidade vizinha de Merseburg em maio de 2021, com as palavras “Tudo pela Alemanha” (“Alles für Deutschland”) – um slogan do regime de Adolf Hitler.
Os promotores alegam que o político tinha conhecimento da origem da frase, usadas pelas tropas de choque nazistas Sturmabteilung, comumente abreviadas pelo nome SA. Durante um debate na semana passada, porém, Höcke insistiu que não sabia que se tratava de um slogan nazista e afirmou que muitos outros políticos já usaram os mesmos dizeres. “Todo mundo sabe que é um ditado cotidiano”, justificou.
Manifestantes reuniram-se do lado de fora do tribunal nesta quinta-feira, com cartazes que declaravam: “Björn Höcke é nazista” e “Parem a AfD!”. Segundo a polícia, cerca de 570 pessoas compareceram ao protesto.
Histórico de polêmicas
Höcke lidera a secção regional da AfD na Turíngia desde 2013, ano em que o partido foi fundado. A filial regional da legenda é uma das três que a agência de inteligência nacional da Alemanha monitora oficialmente como um grupo “comprovadamente extremista de direita”.
O político coleciona uma série de polêmicas ligadas à simpatia ao nazismo. Certa vez, ele chamou o memorial do Holocausto em Berlim de “monumento da vergonha” e apelou à Alemanha para dar um “giro de 180 graus” na forma como recordava o seu passado. Um tribunal da AfD analisou tentativa de expulsá-lo do partido em 2018, mas o pedido foi rejeitado.
Força da extrema direita
A AfD é particularmente forte no leste da Alemanha, lado comunista na época da Cortina de Ferro. Nas pesquisas de opinião da Turíngia, o partido de extrema direita aparece em primeiro lugar diante das eleições estaduais de 1º de setembro, com 29 a 31% das intenções de voto.
Embora seja improvável que qualquer outro partido concorde em trabalhar com Höcke para colocá-lo no gabinete do governador, a proeminência da AfD tornou substancialmente complicada a formação de coalizões de governo no estado da Turíngia.