Líder republicano no Senado sinaliza apoio ao impeachment de Trump
Mitch McConnell, antes fiel a Donald Trump, disse estar 'farto e furioso' com as atitudes do presidente; não está claro se ele votará a favor da condenação
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, virou motivo de racha em seu Partido Republicano após a invasão de seus apoiadores ao Congresso na semana passada. Deputados da legenda já indicaram que não farão lobby contra a votação do impeachment na Câmara nesta quarta-feira, 13. Agora, assessores próximos ao líder da maioria no Senado, o republicano Mitch McConnell, confirmam que ele apoia a iniciativa.
McConnell concluiu que o presidente cometeu crimes passíveis de impeachment e acredita que o processo facilitará sua expulsão do partido, reporta o jornal americano The New York Times. Os democratas acusam Trump de incitar violência contra o país, por seu papel em encorajar a interrupção da certificação da vitória eleitoral de Joe Biden na quarta-feira passada, levando à invasão ao Capitólio.
Segundo a emissora Fox News, o mais poderoso republicano do Congresso disse que está “farto” e “furioso” com Trump. McConnell também indica que este segundo processo não é marcado pelo partidarismo, como ele acredita que o primeiro foi, e que pode ajudar os republicanos a livrarem-se do trumpismo.
Contudo, ainda não está claro se, caso o inquérito seja aprovado na Câmara (como é esperado), ele votará a favor da condenação no Senado.
Parte da raiva de McConnell, de acordo com a Fox, se deve à conquista do Senado pelo Partido Democrata na terça-feira 5, que ele acredita ter sido impulsionada pela aversão a Trump nas eleições de segundo turno do estado da Geórgia. Os democratas conquistaram os dois assentos em jogo.
Outras fontes disseram que o papel do presidente no ataque ao Capitólio é o principal motivo do afastamento. Na semana passada, a esposa de McConnell e secretária de Transporte, Elaine Chao, renunciou ao cargo, citando a conduta do presidente na ocasião da invasão.
O líder do Senado costumava ser fiel a Trump. Em novembro, ele recusou-se a reconhecer Biden como vencedor das eleições. Em janeiro passado, durante o primeiro inquérito contra o mandatário, fez críticas a torto e a direito aos democratas que conduziam a acusação, dizendo que estavam “violando os direitos do presidente”.
Agora, Trump parece estar cada vez mais isolado em um partido que costumava ser incondicionalmente leal a ele. Estima-se que ao menos 12 senadores republicanos considerem votar a favor de seu impeachment. Além disso, na terça-feira 12, a deputada Liz Cheney (terceira mais poderosa republicana na Câmara), anunciou publicamente sua intenção de apoiar a acusação.
“O presidente dos Estados Unidos convocou e reuniu essa horda e acendeu a chama desse ataque”, disse Cheney em comunicado. “Nunca houve uma traição maior por parte de um presidente dos Estados Unidos a seu cargo e seu juramento à Constituição”.
O artigo de impeachment acusa Trump de crimes graves e contravenções, relacionados a incitar uma “insurreição”. O texto afirma que, no dia 6 de janeiro, durante um comício em Washington, o presidente “reiterou falsas alegações de que ‘vencemos esta eleição por uma vitória esmagadora’ e fez declarações intencionais que, no contexto, encorajaram – e previsivelmente resultou em – ações criminosas no Capitólio.”
“Assim incitados pelo presidente Trump, membros da multidão a que ele se dirigiu (…) violaram ilegalmente e vandalizaram o Capitólio, ferindo e matando policiais, ameaçando membros do Congresso, o vice-presidente e funcionários do Congresso e se envolvendo em outros atos violentos, mortais, destrutivos e sediciosos”, afirma o artigo.
O conflito resultou em ao menos cinco mortes, incluindo um policial, e cerca de 90 prisões. Em sua primeira aparição pública após o incidente, na terça-feira, Trump negou qualquer responsabilidade pela invasão e disse que os esforços para destituí-lo eram “ridículos”.