Liz Truss renuncia ao cargo de primeira-ministra do Reino Unido
A líder britânica abandonou o posto após apenas 45 dias no cargo, devido a uma série de controvérsias sobre suas políticas econômicas

A primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, renunciou ao cargo nesta quinta-feira, 20, após apenas 45 dias de mandato. Ela tornou-se a premiê com o mandato mais curto da história do país.
Truss disse que conversou com o rei Charles III, para notificá-lo da renúncia. Anteriormente, ela se encontrou com o presidente do Comitê de 1922, Graham Brady, líder dos conservadores que não têm cargo no governo, onde eles “concordaram que haverá uma eleição de liderança [do partido] a ser concluída na próxima semana”.
“Isso garantirá que permaneçamos no caminho para entregar nossos planos fiscais e manter a estabilidade econômica e a segurança nacional de nosso país”, disse Truss, acrescentando que continuará no cargo até que um sucessor seja escolhido.
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O anúncio, feito por Truss nos arredores do número 10 de Downing Street, a sede do governo britânico, ocorre em meio a uma crise política e econômica que quase evaporou sua autoridade política.
Nas últimas semanas, o seu plano econômico – que incluía cortes severos de impostos, especialmente para os ricos, sem financiamento do estado – sacodiu os mercados, levando a libra a mínimas históricas. Truss voltou atrás, mas não sem perder dois ministros importantes e perder a confiança de quase todos os seus próprios parlamentares do Partido Conservador.
A secretária de Estado britânica, Suella Braverman, deixou o cargo na quarta-feira 19, colocando ainda mais pressão sobre o governo do país. Ela é a segunda ministra a deixar o cargo em uma semana.
Antes dela, Truss demitiu o chefe das Finanças, Kwasi Kwarteng, na última sexta-feira 14, depois que o pacote econômico elaborado pela pasta assustou os mercados financeiros, que tinha como proposta cortar 45 bilhões de libras (R$266,4 bilhões) de impostos sem qualquer financiamento estatal.
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A resposta da bolsa prejudicou o valor da libra e aumentou ainda mais o custo dos empréstimos do governo do britânico, obrigando o Banco Central a intervir para evitar que a crise se espalhasse para a economia geral e colocasse em risco os fundos de pensão.
Em meio a turbulência, Truss foi obrigada a comparecer ao Parlamento na quarta-feira 19 para uma sessão de perguntas, onde se descreveu como “uma lutadora, e não uma desistente” e pediu desculpas pelos erros cometidos durante seu curto período como premiê britânica – tudo isso em meio a gritos da oposição para que ela renunciasse.
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Em uma pesquisa divulgada pelo instituto YouGov na terça-feira 18, ficou claro que a maioria dos parlamentares do Partido Conservador defendia a renúncia da primeira-ministra. De acordo com o levantamento, 55% dos legisladores da legenda – incluindo 39% dos que elegeram Truss em julho – apoiavam a substituição da primeira-ministra. A porcentagem é similar aos 59% dos parlamentares que fizeram oposição a Boris Johnson pouco antes do ex-premiê renunciar.
A oposição, incorporada pelo Partido Trabalhador, também acusou o governo conservador de semear o caos ao mudar constantemente suas políticas. Na quarta-feira, Truss anunciou que as aposentadorias continuariam a ser reajustadas de acordo com a inflação, menos de 24 horas depois de seu porta-voz dizer que ela estava considerando remover a promessa para cortar gastos públicos.