Lula conversa com Maduro sobre eleições na Venezuela
Em telefonema, presidente brasileiro pediu informações sobre negociações entre Caracas e Washington para fim de sanções econômicas contra a Venezuela
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou na manhã desta segunda-feira, 16, com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro por telefone. Segundo o Palácio do Planalto, os líderes discutiram as eleições presidenciais venezuelanas, marcadas para o ano que vem.
Lula, no telefonema de cerca de 30 minutos, pediu informações sobre o processo de negociação entre o governo e a oposição na Venezuela, bem como as tratativas em curso entre Caracas e Washington com vistas à suspensão das sanções econômicas contra o país sul-americano. O petista é conhecido por defender o fim do bloqueio, porque a medida também atinge a população civil da nação.
Ambos discutiram ainda medidas para facilitar o comércio na fronteira entre os dois países, de quase 2.200 quilômetros. De acordo com o Palácio do Planalto, Maduro indicou que encaminhará nos próximos dias uma sugestão para o tratamento das cargas brasileiras retidas na fronteira.
Os dois chefes de Estado também concordaram em acelerar a negociação de um Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos, uma alternativa aos tradicionais acordos bilaterais de investimentos que o governo brasileiro considera “inovadora”. Discutiram ainda a retomada da exportação de energia elétrica da Venezuela para o Brasil, por meio de conexão do estado de Roraima.
Para o Palácio do Planalto, a rota “historicamente contribuiu com energia limpa para a segurança e a estabilidade energética”.
Por fim, Lula e Maduro abordaram propostas para a retomada do pagamento da dívida bilateral da Venezuela com o Brasil, que pode chegar a R$ 12,5 bilhões. Desse valor, mais de R$ 3,6 bilhões é referente à divida com o BNDES, que concedeu financiamentos a vários projetos de infraestrutura na Venezuela executados por empresas brasileiras.
Apesar da inadimplência, o banco de fomento não ficou com o prejuízo, já que os pagamentos eram garantidos pelo Fundo de Garantia à Exportação (FGE). Ou seja, a dívida ficou com o Tesouro Nacional, que é o dono dos recursos do Fundo. Portanto, acabou sendo repassada ao contribuinte brasileiro.
Entre os projetos financiados pelo banco brasileiro no país vizinho, estão a construção e ampliação do metrô de Caracas, construção da Siderúrgica Nacional, Estaleiro Astialba e o projeto de saneamento do rio Tuy, em Miranda.