O presidente da França, Emmanuel Macron, telefonou na noite de quinta-feira (31) para Donald Trump para manifestar seu descontentamento pelas tarifas impostas às importações de aço e alumínio da União Europeia (UE), Canadá e México. O líder afirmou também que o nacionalismo econômico prejudicará todo o mundo, inclusive os Estados Unidos.O Palácio do Eliseu explicou hoje que durante a conversa Macron lembrou ao presidente americano que a decisão de estabelecer essas tarifas é "ilegal" porque vai contra as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).Macron também ressaltou que a União Europeia reagirá com "as medidas apropriadas, de forma firme e proporcional, conforme as regras da OMC".A comissária de Comércio da UE, Cecilia Malmström, reforçou a posição do presidente francês, em uma declaração nesta sexta-feira (01).Segundo ela, a postura dos Estados Unidos enfraquece as relações entre as duas partes. A autoridade disse ainda que as medidas do governo Trump "causarão muito prejuízo para nosso setor de aço e alumínio", rechaçando o argumento americano de que as tarifas eram necessárias por questões de segurança nacional. "A segurança interna não é relevante [nesse caso]. Isso é puro protecionismo."O bloco europeu já anunciou que irá taxar a importação de uísque bourbon e das motocicletas Harley Davidson americanas. Malmström anunciou uma coletiva de imprensa para às 20h do horário local (15h em Brasília), na qual deve formalizar a resposta da UE às novas tarifas dos Estados Unidos.Por meio de um porta-voz, o governo do Reino Unido afirmou que estava "profundamente desapontado" com a decisão americana. "O Reino Unidos e outros países da União Europeia são aliados próximos ais Estados Unidos e devem estar permanentemente isentos das medidas americanas sobre o aço e o alumínio", disse.Já o ministro das Finanças da Alemanha, Olaf Scholz, disse em entrevista à agência Reuters na quinta-feira que a resposta da UE às tarifas deve ser "clara, forte e inteligente".Canadá e MéxicoCanadá e México, que também estão sujeitos às novas taxas a partir de hoje, também responderam com a imposição de tarifas sobre bilhões de dólares de produtos dos Estados Unidos, desde suco de laranja a carne de porco.O anúncio do governo americano sobre a imposição de tarifas de importação sobre o alumínio e aço do Canadá, do México e da União Europeia encerrou meses de incerteza sobre possíveis isenções e reacendeu temores sobre uma guerra comercial global. A medida afetou mercados financeiros em todo o mundo.As tarifas de importação de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio entraram em vigor à meia-noite (horário local) desta sexta, segundo anunciou o secretário de Comércio norte-americano, Wilbur Ross, em entrevista a jornalistas por telefone."Estamos ansiosos para continuar as negociações, tanto com o Canadá e o México, por um lado, e com a Comissão Europeia, por outro lado, porque há outras questões que também precisamos resolver", disse.O Brasil, segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos, negocia com Washington uma eventual isenção das tarifas sobre aço e alumínio, impostas em março pelo governo Trump.Resposta chinesaDiante das novas taxas, a China demosntrou vontade de trabalhar com todos os países para promover o multilateralismo e o crescimento econômico."É verdade que muitos países estão preocupados com esta amostra indiscriminada de protecionismo e unilateralismo", lamentou em entrevista coletiva em Pequim uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying."Acreditamos que todos os países, especialmente as economias desenvolvidas, devem aplicar o multilateralismo perante estas ações indiscriminadas que não são construtivas", acrescentou.A porta-voz pediu a todos os países que se oponham às medidas dos Estados Unidos e apliquem o sistema internacional de comércio, "aberto e transparente", que tem como centro a Organização Mundial de Comércio (OMC).(Com Reuters e EFE)