“Assassina, sem-vergonha, ladra, cúmplice!”. Estas foram as palavras, proferidas aos gritos, contra uma das diretoras do poder eleitoral venezuelano, alvo de ofensas em um supermercado de Caracas. Socorro Hernández integra o grupo de cinco diretores do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), acusado pela oposição de servir ao governo e mais recentemente de articular uma fraude na eleição da Assembleia Nacional Constituinte.
Vários vídeos divulgados no domingo nas redes sociais mostraram o encontro entre Hernández e clientes em um supermercado na capital venezuelana, que a cercaram quando ela fazia compras no local.
“Vá embora”, gritava uma mulher, dirigindo-se a ela. “Não venda para ela, ela que vá para o Bicentenário”, uma rede de supermercados públicos, exclamava outra. As respostas de Hernández eram inaudíveis e ela tampouco reagiu no Twitter.
O ditador Nicolás Maduro, no entanto, anunciou ter dado instruções precisas para a busca e captura das pessoas envolvidas no incidente para que sejam processadas.
No âmbito de uma lei contra a intolerância, o ódio e o fascismo, debatida na Constituinte, Maduro explicou que as pessoas que agredirem por sua loucura de ódio em território nacional devem ser capturadas, julgadas e punidas de forma imediata.
“É a única forma de que a Justiça abra caminho porque as pessoas têm direito à sua vida social tranquila, em paz. Vamos consegui-lo através da Justiça, da consciência, do amor, mas quem não entender, [será] através do castigo severo das leis”, disse.
O assédio público a funcionários do chavismo tornou-se popular sobretudo no exterior, onde emigrantes venezuelanos os acusam de desfrutar de uma riqueza obtida de forma antiética, enquanto o país atravessa uma severa crise econômica e política.
Nos últimos meses aumentou o número de “escrachos”, como são denominadas estas ofensas, todos gravados em vídeo como o de Hernández. Alguns grupos no Facebook divulgam, inclusive, os endereços de chavistas ou de seus familiares no exterior.