O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, participou nesta quinta-feira, 2, de uma marcha ao lado de militares da Força Armada Nacional Bolivariana (Fanb) em Caracas. O movimento foi transmitido ao vivo em emissoras de rádio e TV e pelas redes sociais.
Aos militares, Maduro afirmou que “é hora de lutar e dar exemplo ao mundo”. O chavista também pediu que os soldados sejam “coerentes, leais e coesos” para derrotar as “tentativas de golpe” daqueles que “se vendem por dólares a Washington” e traem o país.
“Sim, estamos em combate, moral máxima nessa luta para desarmar qualquer traidor, qualquer golpista”, disse. Repetindo o slogan “sempre leal, traidores nunca”, o presidente assinalou que não deve haver medo frente à obrigação de desarmar as “conspirações da oposição” e os Estados Unidos.
O presidente convocou o protesto para celebrar o que vem chamando de “fracasso de uma tentativa de golpe de Estado” organizada pelo líder da oposição Juan Guaidó. As imagens mostram milhares de soldados no forte Tiuna, base militar em Caracas e sede do Ministério da Defesa.
Maduro prometeu levar as forças militares “a um nível mais elevado de profissionalismo e efetividade” para evitar os “poderes dissuasivos” dos Estados Unidos. “Mostrem-se para o mundo como a Força Armada Nacional de paz, democrática, constitucional, chavista e, claro, cada vez mais socialista”, disse.
O presidente discursou ao lado do ministro da Defesa, Vladimir Padrino. O militar foi acusado por John Bolton, assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, de ter negociado com Juan Guaidó a saída de Nicolás Maduro do poder, mas descumprir sua promessa de apoiar o opositor posteriormente.
Além de Padrino, Bolton afirmou que o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Maikel Moreno, e o comandante da Guarda Presidencial, Iván Hernández Dala, teriam prometido auxiliar a oposição na deposição do presidente chavista, mas voltado atrás durante as manifestações em Caracas.
Na terça-feira 30, Juan Guaidó afirmou contar com grande apoio de militares desertores ao regime de Maduro e declarou que tomaria o poder, dando início a uma nova onda de protestos e confrontos entre militares e apoiadores dos diferentes lados.
O opositor convocou a população a sair às ruas todos os dias, até que a ditadura de Maduro seja deposta. Também afirmou que organizará greves escalonadas entre as diferentes categorias de trabalhadores nos próximos dias, até que “uma greve geral seja alcançada”.
Até agora, contudo, nenhum militar de alta patente declarou publicamente seu apoio a Guaidó. O diretor do Serviço Bolivariano de Inteligência Militar da Venezuela (Sebin), o general Manuel Cristopher Figuera, foi preso na terça após a libertação de Leopoldo López, um dos mais conhecidos líderes da oposição venezuelana.
Figuera foi acusado pelo governo de ter jurado lealdade à oposição, mas não se pronunciou oficialmente sobre o caso antes de sua detenção.
(Com AFP)