O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, rejeitou o ultimato europeu descartando novas eleições presidenciais, ao mesmo tempo em que disse apoiar a próxima reunião de um grupo de contato internacional, em uma entrevista à emissora espanhola La Sexta, divulgada neste domingo, 3. Faltando pouco para a meia-noite deste domingo, quando vence o ultimato dado por vários países europeus para que convoque eleições, o ditador disse que não dará o “braço a torcer por covardia diante das pressões”.
“Por que a União Europeia tem que dizer a um país do mundo que já fez eleições que deve repetir suas eleições presidenciais? Por que não foram vencidas por seus aliados de direita?”, questionou Maduro, entrevistado em Caracas pelo jornalista Jordi Évole.
Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, Portugal e Holanda deram o ultimato a Maduro e advertiram-no que, se não cumprir, vão reconhecer o autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, que já conta com o apoio dos Estados Unidos e de vários países latino-americanos. “Tentam nos encurralar com o ultimato para nos obrigar a ir a uma situação extrema de enfrentamento”, denunciou Maduro, insistindo em sua proposta de eleições antecipadas no Parlamento, controlado pela oposição.
Maduro disse apoiar, por outro lado, a “boa iniciativa” de um grupo de contato internacional integrado pela União Europeia e países latino-americanos como Uruguai e México, que busca “fomentar um processo político e pacífico” para sair da crise venezuelana e que fará sua primeira reunião dia 7 de fevereiro, em Montevidéu. “Eu apoio esta conferência (…). Aposto em que desta iniciativa surja uma mesa de negociações, de diálogo entre os venezuelanos, para resolver nossos assuntos, para agendar um plano, uma rota de solução para os problemas da Venezuela”, disse Maduro.
Durante a entrevista, o presidente enviou uma mensagem a Guaidó: “Que abandone a estratégia golpista, que se quer aportar algo, sente-se em uma mesa de conversação cara a cara” com o governo de Maduro. Guaidó já tinha dito que não se prestará a diálogos “falsos” que deem oxigênio ao governo e que os venezuelanos “vão continuar nas ruas até que cesse a usurpação” de Maduro.
Guaidó se autoproclamou presidente interino em 23 de janeiro, depois que o Congresso declarou Maduro um “usurpador” após assumir em 10 de janeiro um segundo mandato que considera ilegítimo – assim como parte da comunidade internacional – por resultar de eleições que ele considera fraudulentas.