O líder venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou neste sábado o rompimento das relacões diplomáticas com a Venezuela e ordenou a expulsão dos diplomatas desse país. Em discurso a uma multidão aglomerada em Caracas, ele advertiu o Brasil que a Venezuela não precisa de doações e pode pagar pelos alimentos que o governo de Jair Bolsonaro pretende enviar pela fronteira de Roraima. Sua decisão de cortar relações com Bogotá também sinalizam que o mesmo pode acontecer com Brasília.
“Não somos maus pagadores. Somos gente honesta”, declarou, em sua tentativa de minimizar o impacto da chegada da juda humanitária internacional a seu país. “Nós estamos dispostos a comprar todo arroz, açúcar, leite em pó, carne que quiserem enviar. Quer trazer caminhão (carregado) de leite em pó? Eu compro agora”, desafiou.
Maduro desafiou especialmente o presidente da Colômbia, Iván Duque, a quem culpou pelas tensões da fronteira entre os dois países. Ele deu prazo de 24 horas para a retirada dos cônsules colombianos na Venezuela. Há quase um ano, Bogotá não mantém embaixador em Caracas em função de atritos bilaterais. Ainda assim, o país vizinho recebei mais de 1 milhão de refugiados venezuelanos. “Fora daqui, oligarquia”, esbravejou.
No seu discurso, com teor altamente populista e com muitas referências ao ex-presidente Hugo Chávez, Maduro chamou o autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, de “marionete” dos Estados Unidos e dos governos de direita da região. Também o chamou de “palhaço”. Cobrou do oposicionista a convocação de eleições no prazo de um mês a partir de sua posse – um truque para a plateia cativa porque ele, Maduro, ainda controla a Conselho Nacional Eleitoral.
Maduro disse que não se “dobrará” e pediu aos militares, à milícia e a seus simpatizantes que o defendam se for derrubado. Guaidó tem insistentemente conclamado os uniformizados a aderirem à causa da oposição, com a oferta de anistia.
“Minha vida está consagrada totalmente à defesa da pátria, que em qualquer circunstância jamais me dobrarei, jamais me renderei, sempre defenderei a nossa pátria com a minha própria vida se for necessário defendê-la”, disse o Maduro diante de milhares de simpatizantes que saíram às ruas de Caracas para “defender a revolução”.
Em sua mensagem, o líder pediu a formação de uma “união cívico-militar” se algum dia “acontecer algo” a ele.
Bogotá
O governo da Colômbia respondeu à decisão de Maduro co uma ordem de retorno de seus diplomatas instalados na Venezuela. O chanceler colombiano, Carlos Holmes Trujillo, reafirmou que seu país “reconhece o presidente Juan Guaidó”, e agredeceu a ele por ter feito convite para os funcionários de seu país permanecerem no território venezuelano.
“No entanto, para preservar a vida e a integridade dos funcionários colombianos, sua viagem à Colômbia se dará o mais rápido possível”, disse Trujillo, para em seguida sublinhar que seu país continuará a agir com base na Convenção de Viena sobre relações consulares, de 1963, e outras regras do direito internacional.
O chanceler acrescentou que a Colômbia “responsabiliza o usurpador Maduro por qualquer agressão e desconhecimento dos direitos que os funcionários colombianos na Venezuela têm conforme às normas internacionais nas próximas horas ou dias”.
O secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, apoiou a decisão da Colômbia. “O governo ilegítimo de Nicolás Maduro foi declarado como tal por resolução do Conselho Permanente da OEA”, lembrou.
(Com EFE)