Maior usina nuclear da Europa pega fogo após ataque russo
Segundo chanceler, radiação na usina é 'normal', mas, caso haja uma explosão, impacto seria 10 vezes maior que desastre de Chernobyl
Um incêndio foi registrado na noite desta quinta-feira, 3, na usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, a maior da Europa. O fogo começou após um ataque de tropas russas, de acordo com informações publicadas nas redes sociais pelo prefeito de Energodar, onde fica a usina.
A localização exata do incêndio dentro do complexo da usina ainda não é clara.
“Como resultado do contínuo bombardeio inimigo contra prédios e unidades da maior usina nuclear da Europa, a usina nuclear de Zaporizhzhia está pegando fogo”, disse Orlov em seu canal no Telegram, citando o que chamou de “ameaça à segurança mundial”.
Em outra publicação, Orlov afirmou que bombeiros ainda não conseguem chegar ao foco do incêndio. De acordo com o político, há vítimas, mas que ainda não podem ser contabilizadas, dadas as circunstâncias.
⚡️⚡️⚡️Surveillance cameras captured moments of the shelling of the #Zaporizhzhia NPP pic.twitter.com/ZNLX4pZeXI
— NEXTA (@nexta_tv) March 4, 2022
O ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba, acusou soldados russos de atirarem “de todos os lados”, incluindo contra os bombeiros que tentam controlar o incêndio. Em publicação no Twitter, ele afirmou que a medição de radiação na usina “é atualmente normal”, mas que, caso haja uma explosão, o impacto seria dez vezes maior do que o do acidente na usina de Chernobyl.
Trinta e um trabalhadores da usina e bombeiros morreram logo após o desastre de 1986, principalmente de doença aguda causada pela radiação. Outros milhares mais tarde sucumbiram a doenças relacionadas à radiação, como o câncer, embora o número total de mortes e os efeitos à saúde de longo prazo continuem sendo um assunto de intenso debate.
O porta-voz de Zaporizhzhia, Andrii Tuz, indicou ainda que a unidade estava conectada à rede há uma semana e há alguns dias foi colocada em um estado de manutenção programada.
“O combustível nuclear está dentro do reator nuclear. Ainda não foi descarregado. Além disso, há uma piscina de armazenamento e reabastecimento de combustível nuclear no salão central, que também contém conjuntos de urânio e combustível nuclear”, descreveu, enfatizando o perigo do rompimento da tampa selada.
A Agência Internacional de Energia Atômica, ligada às Nações Unidas, pediu que as tropas russas e ucranianas deixem de combater na área próxima à usina e afirmou que está em contato com autoridades ucranianas para analisar a situação.
Segundo o governo ucraniano, desde o começo desta quinta-feira soldados russos vinham intensificando esforços para assumir o controle da usina. A Rússia já havia capturado a extinta usina de Chernobyl, a cerca de 100 quilômetros ao norte da capital da Ucrânia, Kiev.
O caso se dá em meio aos avanços russos em direção à capital ucraniana e ao cerco a outras cidades. Na noite de quarta-feira, o prefeito da estratégica cidade de Kherson, banhada pelo rio Dnieper e próxima do mar Negro, afirmou que forças russas assumiram controle. Segundo uma testemunha ouvida pela agência de notícias EFE, o centro da cidade “está completamente ocupado por militares russos e veículos blindados pesados”.
Mais a leste, em Mariupol, no Mar de Azov, na região de Donetsk, separatistas pró-russos apoiados pelos militares russos garantiram nesta quarta-feira que as suas forças bloquearam a cidade, de acordo com a imprensa russa.
Mais de 2.000 civis foram mortos desde o início da invasão russa à Ucrânia e centenas de estruturas, como instalações de transporte, hospitais, jardins de infância e prédios residenciais foram destruídos, relatou o serviço de emergência ucraniano na quarta-feira. De acordo com o último relatório militar russo, 1.502 alvos de infraestrutura militar ucraniana foram destruídos desde o início da operação militar na Ucrânia, em 24 de fevereiro.