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Mais de 12.000 pessoas foram confinadas por engano em Israel

Governo usa sistema militar para rastrear movimentos de pacientes da Covid-19 e minimizar contágio; medida já havia sido criticada por quebra de privacidade

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 jul 2020, 10h46 - Publicado em 15 jul 2020, 10h27

O governo de Israel determinou quarentena obrigatória por engano para ao menos 12.000 pessoas, depois que o sistema de rastreamento de celulares usado pelas autoridades para localizar cidadãos que tiveram contato com o novo coronavírus falhou.

Cerca de 30.000 israelenses foram obrigados a fazer quarentena após receberem uma mensagem do Shin Bet, a agência de segurança israelense. Mas a maioria foi confinada por um erro, segundo admitiu uma representante do Ministério da Saúde em audiência no Knesset, o Parlamento local.

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O sistema implantado pelo governo no país para conter a pandemia de Covid-19 foi aprovado pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. A medida permite que a agência use dados de celulares para rastrear os movimentos de pacientes infectadas pelo vírus, possibilitando também a identificação das pessoas com que eles entraram em contato antes do diagnóstico.

A partir da identificação dos contatos, as pessoas com risco de contaminação recebem uma mensagem em seus celulares e são obrigadas a entrar em uma quarentena de 14 dias. Quem desrespeita as ordens é multado e pode até ser preso.

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Na primeira semana do uso do sistema no mês passado, dezenas de milhares de israelenses receberam o SMS com as instruções de isolamento social. Muitas delas, porém, afirmaram que nunca estiveram nos locais onde a contaminação poderia ter acontecido.

Ao menos 20.000 pessoas recorreram da quarentena obrigatória, e 12.000 foram liberadas. Outros 700 pedidos de revisão foram negados. Ao Knesset, a representante do Ministério da Saúde Ayelet Grinbaum admitiu as falhas no sistema. Segundo ela, quase todas as ligações recebidas pela linha de emergência para o coronavírus do governo nas últimas semanas tratavam-se de reclamações sobre o monitoramento.

O sistema falho ainda enfrentou outros problemas: para burlar o confinamento, que consideravam injusto, os israelenses começaram a sair de casa sem o celular.

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O sistema do Shin Bet já havia sido criticado no passado, principalmente pelos riscos de violação de privacidade. O próprio diretor da agência, Nadav Argaman, foi contrário à sua ativação, após ter sido suspenso em junho, sob o argumento de que as tecnologias de rastreamento tinham como alvo operações de contraterrorismo e não o rastreamento maciço de cidadãos israelenses.

O sistema utilizado pelo governo foi desenvolvido para fins de contraterrorismo e fazia parte de um programa secreto até o início da pandemia. A reativação da tecnologia foi renovada pelo Parlamento em 1 de julho para conter a nova onda de Covid-19 que atinge o país.

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