Ao menos 703 migrantes aportaram no Reino Unido após atravessarem o Canal da Mancha à bordo de 11 barcos neste domingo, 11, o maior número de chegadas em um único dia desde que o líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, assumiu o posto de primeiro-ministro, prometendo combater as gangues que organizam ilegalmente a viagem arriscada.
Dois migrantes morreram durante a travessia depois que o pequeno barco em que estavam apresentou instabilidade nas águas francesas. Outras 53 pessoas que atravessavam o canal que liga a França à Inglaterra na mesma embarcação foram resgatadas por um helicóptero e dois barcos e enviadas de volta à França depois que um alerta de socorro foi emitido à guarda costeira. Muitas delas foram retiradas da água com “ferimentos por queimaduras de combustível”, disseram as autoridades marítimas regionais francesas.
O novo número elevou a quantidade de pessoas que realizaram a travessia desde o início do ano para 18.342, um aumento de 13% em relação ao mesmo período do ano passado.
Onda de protestos
A chegada dos 700 migrantes ocorre após o Reino Unido ter enfrentado manifestações violentas anti-imigrantes e islamofóbicas – as piores desde 2011 no país. Os distúrbios foram inicialmente alimentados por ativistas de extrema direita nas redes sociais. Por esses canais, foi espalhada desinformação sobre um ataque a faca que matou três meninas durante uma aula de dança temática sobre a cantora Taylor Swift.
A polícia deteve o suspeito de 17 anos, mas rumores sobre a nacionalidade e religião dele foram rapidamente espalhados – e posteriormente desmentidos pelas autoridades. Ainda assim, centenas de manifestantes atacaram mesquitas e entraram em confronto com a polícia. Forças de segurança britânicas disseram que os responsáveis seriam “apoiadores da English Defence League”, grupo de extrema direita que organiza protestos anti-muçulmanos desde 2009.
Crise migratória
O combate à crise migratória tem sido foco dos governos britânicos e francês. Após assumir o poder, Starmer, do Partido Trabalhista, prometeu “esmagar as gangues” contrabandistas que organizam as viagens arriscadas cobrando milhares de euros por migrante, criando um novo Comando de Segurança de Fronteira.
Em uma tentativa de combater o grande fluxo de migração ilegal “na fonte”, Starmer também anunciou no mês passado um financiamento de 84 milhões de libras (cerca de 590 milhões de reais) para iniciativas de saúde, educação e apoio humanitário em países da África e do Oriente Médio, além de ter abandonado o projeto do anterior governo conservador de expulsar os imigrantes em situação irregular para Ruanda.