Manifestantes cercam casa de Netanyahu e acusam premiê de abandonar reféns
Protesto em Jerusalém ocorre após anúncio sobre ocupação da Cidade de Gaza e reforça críticas ao uso político da guerra

Dezenas de israelenses se reuniram nesta sexta-feira, 8, em frente à residência oficial do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, em Jerusalém, para protestar contra a guerra em Gaza. A manifestação ocorreu pouco após o gabinete de segurança de Israel anunciar um plano para expandir a operação militar e tomar controle da Cidade de Gaza, no norte do território, maior aglomerado urbano do enclave palestino.
O grupo, formado por familiares de reféns, ativistas e líderes religiosos, acusou o premiê de priorizar sua permanência no poder em vez de negociar a libertação dos cativos ainda em posse do Hamas.
Manifestações marcadas por orações e cartazes com fotos dos desaparecidos se tornaram um evento quase semanal no país. Desta vez, porém, a motivação foi mais clara e contundente, com o anúncio sobre a ocupação da Cidade de Gaza. A decisão foi apresentada como um avanço militar, mas gerou críticas imediatas de autoridades locais e internacionais — além dos familiares de reféns, que temem pela vida dos cativos detidos em pontos desconhecidos do enclave diante da nova ofensiva.
No ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, 251 pessoas foram sequestradas. Aproximadamente 140 foram libertadas por meio de trocas de prisioneiros abrangidas em dois acordos de cessar-fogo anteriores. Hoje, estima-se que 50 ainda estejam em poder do grupo terrorista, das quais apenas cerca de 20 estariam vivas, segundo dados do governo israelense.
Os parentes defendem a assinatura de uma nova trégua imediata como única alternativa viável para resgatar os sobreviventes. Os manifestantes acusam Netanyahu de usar a guerra como escudo político para se manter no cargo, enquanto é alvo de investigações por corrupção e enfrenta crescente pressão interna. Pesquisas de opinião recentes indicam que ele não seria reeleito (por margem significativa) caso houvesse um novo pleito agora.
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A decisão do governo ocorre após o fracasso das negociações por um novo cessar-fogo e ao agravamento do desastre humanitário em Gaza, onde imagens de crianças famintas e hospitais destruídos, retrato da crise, recentemente provocaram uma onda de condenação internacional.
Segundo o plano aprovado, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) devem ocupar a Cidade de Gaza e deslocar a população civil para áreas fora da zona de combate. Para o Hamas, a estratégia representa “um novo crime de guerra”.
Apesar de ter declarado que pretende assumir o controle de toda a Faixa de Gaza, Netanyahu afirma que não se trata de uma anexação. Segundo ele, o território será entregue futuramente a uma força árabe militarizada, sem detalhar quais países estariam envolvidos ou qual seria o arranjo de governança.