Manifestantes invadiram e incendiaram nesta quarta-feira, 27, o consulado do Irã na cidade xiita de Najaf, sul do Iraque, que vive há dois meses sua pior crise social em décadas. Os funcionários do consulado conseguiram sair antes da invasão. Os manifestantes atearam fogo, que se espalhou por todo o prédio, segundo integrantes da polícia e da defesa civil.
Os manifestantes substituíram a bandeira iraniana pela iraquiana. De acordo com a agência de notícias AP, a polícia usou tiros para dispersar a multidão, deixando feridos. Logo depois, as autoridades iraquianas anunciaram um toque de recolher na cidade, considerada sagrada pelos xiitas. A maioria da população iraquiana é xiita, como a iraniana.
Protestos
Os iraquianos saem às ruas diariamente desde 1 de outubro para exigir a “queda do regime”, acusado de corrupção. O movimento, o primeiro espontâneo em décadas, tem sido marcado pela violência, que deixou mais de 350 mortos desde seu início.
Nesta quarta, dois manifestantes foram mortos a tiros em Bagdá e várias estradas foram bloqueadas no sul do Iraque, um dia depois de uma violenta jornada que deixou um morto e vários feridos. Pela manhã, grandes colunas de fumaça foram observadas acima de Kerbala, visitada todo os anos por milhões de xiitas de todo o mundo e localizada 85 quilômetros a sudoeste de Bagdá.
Depois dos disparos com munição letal que ocorreram pela primeira vez em plena luz do dia em Kerbala e que, segundo os médicos, causaram uma morte, as autoridades que administram os santuários da cidade sagrada xiita anunciaram o fechamento excepcional dos jardins de infância e escolas religiosas.
O fechamento de dois dias também se aplica às mesmas escolas em Najaf, a outra cidade sagrada xiita ao sul de Bagdá, e Al-Hilla, na província da Babilônia (sul). Em Diwaniya, mais ao sul, onde escolas e administrações também fecharam, os manifestantes montaram piquetes para impedir que as autoridades tentassem reabrir seus escritórios. Em Kut e Najaf, o setor público também está paralisado. Em Nasiriyah e Basra, regiões petrolíferas do extremo sul, uma manifestação bloqueou a filial local da companhia estatal de petróleo de Nasiriyah, mas sem afetar a produção nas duas províncias.
(Com AFP)