Com seus corpos pintados com as bandeiras de vários países do G20 e os seios à mostra, manifestantes argentinas formaram nesta sexta-feira, 30, uma comissão de frente da manifestação em Buenos Aires contra o encontro dos líderes das 20 maiores economias do mundo.
Ao lado da frase “Fora FMI”, um clássico dos movimentos populares na Argentina retomado desde o empréstimo de US$ 57,1 bilhões do Fundo Monetário Internacional, a faixa que elas seguravam mandava embora também o G20. Gritos e cartazes traziam também a expressão “Fora Bolsonaro”, em referência ao presidente de extrema direita eleito no Brasil.
Milhares de argentinos se manifestaram nesta sexta-feira em uma Buenos Aires praticamente deserta e sob um forte dispositivo de segurança por causa justamente do encontro de líderes do G20. Os protestos percorreram a faixa central da Avenida 9 de Julho, no coração da capital argentina, cujas ruas adjacentes estavam bloqueadas com cercas metálicas e vigiadas por 2.500 agentes e guardas de infantaria.
“Viemos repudiar os representantes das potências imperialistas e queremos que eles saibam que não são bem-vindos em nosso país”, disse Florence di Llelo, uma das manifestantes.
“Acreditamos que o G20 atenta contra o país. Na Argentina, eles querem fazer passar um ajuste terrível. Querem mostrar uma cidade sitiada quando o clima de repressão está sendo instalado pelo governo para impedir que as pessoas se mobilizem”, criticou Matías Gómez, representante de uma cooperativa.
A marcha foi convocada por diversas organizações sociais e de direitos humanos, grupos de esquerda do país e movimentos anti-globalização. O presidente argentino, Mauricio Macri, foi alvo de críticas tanto quanto um dos principais convivas do G20, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.
“Denunciamos a submissão do governo de Macri às políticas impulsionadas pelo G20, como o acordo com o FMI, que nos condena a uma divida ilegítima e impagável e ao ajuste (fiscal) eterno”, discursou Nota Cortiñas.
Por causa da reunião do G20, o governo argentino declarou feriado nesta sexta-feira e suspendeu os serviços de metrô e de trens, principalmente os que transitam entre o centro e a periferia de Buenos Aires. Poucas lojas abriram, e escolas e universidades permanecem fechadas.
A manifestação transcorreu de maneira pacífica e não houve incidentes com a polícia.
(Com EFE e AFP)