Manifestantes se concentraram hoje diante do Congresso dos Estados Unidos para protestar contra a possível aprovação do juiz Brett Kavanaugh para uma vaga na Suprema Corte do país. Enquanto os protestos ocorriam, senadores republicanos anunciaram a intensão da bancada de confirmar a indicação do presidente americano, Donald Trump, neste sábado.
A aprovação do conservador Kavanaugh foi atropelada pela denúncia da psicóloga Christine Blasey Ford de que ele teria tentado estuprá-la em 1982, quando eram adolescentes. Depois de ambos terem sido ouvidos em audiências do comitê judiciário do Senado, uma investigação da vida pregressa do juiz foi encomendada pelo Congresso ao FBI.
“O juiz Kavanaugh deveria ser confirmado no sábado”, declarou à imprensa o senador republicano Chuck Grassley, presidente do Comitê. “Com sorte, estamos a 48 horas de ter uma nova pessoa na Suprema Corte”, acrescentou.
Horas antes, por meio de comunicado, Grassley afirmara que a investigação do FBI “não encontrou indícios de má conduta” do magistrado.
“Não encontramos nada, nada que corrobore as acusações contra ele”, disse o também republicano Orrin Hatch. “Agradeço ao FBI por seus esforços para fazer uma investigação minuciosa e muito importante”, completou o senador.
A oposição democrata, minoritária no Comitê no plenário do Senado, considera o relatório do FBI “incompleto” e “muito limitado”. Pelo menos dois dos três senadores republicanos que pareciam seguir a avaliação da oposição voltaram atrás, o que torna mais difícil o bloqueio da confirmação de Kavanaugh.
Do lado de fora do Capitólio, organizações feministas e de defesa dos direitos civis tentavam convencer os senadores republicanos a não aprovar a indicação do juiz Kavanaugh. “Não traiam as mulheres, votem ‘não'” e “acreditem nas sobreviventes”, expressavam os manifestantes em seus cartazes.
“Acredito no que a doutora Ford disse, e acho que Kavanaugh faz parte do clube de velhos amigos que querem protegê-lo sem se importarem com as circunstâncias”, disse Angela Trzepkowski, do estado Delaware, para quem o relatório do FBI está enviesado.
“Não é a investigação aberta e imparcial que havíamos pedido”, assinalou.
Vítimas de violência sexual também participaram da manifestação, dispostas a contar seus traumas aos parlamentares e a pressioná-los a votar “não”.
“Queremos dizer que é importante ouvir os sobreviventes, (…) mas também indicar à Suprema Corte alguém com o caráter apropriado”, disse Carolyn Heyman em uma mensagem dirigida à senadora Lisa Murkowski, que faz parte dos republicanos ainda indecisos.
Para Heyman, advogada vinda do Alaska, Kavanaugh “foi às vezes sarcástico, agressivo” durante a audiência em que negou ter abusado de Ford. “Não é o que queremos em um tribunal e, sobretudo, não na Suprema Corte”, acrescentou.