A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de intrometer-se em eleições de outros países e de apoiar ataques cibernéticos, além de divulgar “notícias falsas”.
Em um banquete nesta segunda-feira, no centro financeiro de Londres, a chefe do governo britânico fez o ataque mais duro contra a Rússia desde que assumiu o poder, no ano passado, e acusou Moscou de “semear a discórdia no Ocidente”.
A premiê britânica disse que o governo de Putin busca prejudicar as sociedades livres, mas esclareceu que o Reino Unido não quer um “eterno confronto” com a Rússia.
May ressaltou que Putin deve escolher um caminho diferente do que tomou nos últimos anos com a anexação da Crimeia e o lançamento de ataques cibernéticos contra parlamentos europeus.
“A Rússia violou de maneira reiterada o espaço nacional de vários países europeus e fez uma campanha sustentada de espionagem cibernética”, disse a primeira-ministra. “Isto incluiu a intromissão em eleições e o ataque (cibernético) ao Ministério de Defesa dinamarquês e ao Bundestag (Parlamento alemão), entre muitos outros”, acrescentou.
Segundo o jornal The Guardian, May não parecia se referir a um episódio específico de interferência da Rússia em processos democráticos no Reino Unido. As acusações, porém, precedem o início de um inquérito que deve ouvir representantes do Twitter e Facebook para investigar se a Rússia tem interferido na política britânica. Há também um pedido de abertura de inquérito para averiguar uma possível intervenção russa no Brexit.
Esse ataque de May contrasta com a posição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que na semana passada disse que acreditava em Putin quando este negou ter interferido nas eleições presidenciais americanas de 2016.
Defesa europeia
A primeira-ministra também falou do compromisso do Reino Unido em continuar protegendo os países da Europa mesmo após o Brexit. May disse que vai fornecer ajuda aos Estados que forem vítimas de agressão.
“A nova parceria econômica abrangente que nós buscamos sustentará do nosso compromisso compartilhado para economias abertas e sociedades livres em face daqueles que buscam prejudicá-las.”
O governo britânico está usando uma de suas cartas mais fortes nas negociações do Brexit ao colocar seus meios de defesa e segurança à disposição da União Europeia na esperança de receber concessões nas negociações futuras e nas relações econômicas com o bloco.
O país possui orçamento de defesa superior ao de qualquer outro Estado-membro da União Europeia, e seus serviços diplomáticos e de inteligência estão entre os maiores da Europa.
Seu governo também argumenta que é um dos principais contribuintes da União Europeia para diversas medidas de segurança, como compartilhamento de dados e evidências, medidas de extradição e para a agência de polícia da União Europeia, a Europol.
(Com EFE e Reuters)