May é derrotada e Parlamento britânico decidirá Brexit
Decisão final sobre saída do Reino Unido da União Europeia ficará na mão dos parlamentares
A primeira-ministra britânica Theresa May sofreu uma derrota marcante nos planos do governo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia. O Parlamento britânico decidiu nesta quarta-feira, por 309 votos a favor e 305 contra, que a decisão final sobre o Brexit ficará nas mãos dos representantes da Casa legislativa. “O Parlamento retomou o controle”, declarou o porta-voz dos liberais democratas, Tom Brake, acrescentando que “esta é uma derrota humilhante para Theresa May”.
A votação sobre a emenda que dá ao Parlamento “um voto significativo” sobre os rumos do Brexit marcou uma divisão interna do Partido Conversador. Depois de mais de oito horas de debates, a oposição, composta majoritariamente por trabalhistas e liberais democratas, contou com o voto de doze membros da sigla de May para conquistar a vitória sobre a pauta.
Na manhã de hoje, o secretário de May para o Brexit, David Davis, divulgou um comunicado no qual anunciava o “compromisso do governo em realizar uma votação no Parlamento sobre o acordo final assim que as negociações fossem concluídas”. O apelo, contudo, não foi o suficiente para convencer os membros do partido contrários à posição oficial.
Stephen Hammond, um dos ‘rebeldes’ entre os conservadores, foi deposto do cargo de vice-líder da sigla. “É a primeira vez que voto contra o partido, o que é algo que não me dá prazer algum”, disse o parlamentar à rede britânica Sky News. Em defesa da emenda, o político argumentou que “essa é uma forma de restringir os poderes extraordinários que foram dados ao governo, e torna obrigatório um voto significativo [do Parlamento] no final do processo”.
A derrota do governo acontece na véspera da viagem de May para Bruxelas, onde irá encontrar nesta quinta-feira com lideranças da União Europeia para mais uma rodada de negociações sobre a saída do Reino Unido do bloco. Críticos da medida aprovada pelo Parlamento britânico apontam que a medida é uma forma de colocar mais barreiras no processo do Brexit. Para o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, a derrota imposta à primeira-ministra é “uma perda humilhante de autoridade”.