A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, viaja nesta terça-feira, 11, pela Europa, para encontrar alguns dos principais líderes da União Europeia (UE) e discutir formas de salvar o acordo sobre o Brexit, fechado com o bloco há duas semanas.
May tem compromissos marcadas na Holanda, Alemanha e Bruxelas. Seu primeiro encontro foi com o primeiro-ministro holandês Mark Rutte. Em seguida, realizará uma reunião com Angela Merkel. Às 17h locais (14h em Brasília), se reunirá com o presidente do Conselho Europeu, o polonês Donald Tusk, na Bélgica.
Após seu encontro com Rutte, o holandês afirmou no Twitter que as discussões com a britânica sobre o Brexit foram muito “úteis”, sem dar mais detalhes sobre o que foi discutido.
May se encontra atualmente em uma difícil posição. O acordo negociado por seu governo com a UE há duas semanas enfrenta grande resistência no Reino Unido. Para ser aplicado definitivamente, contudo, o texto precisa ser aprovado pelo Parlamento britânico, antes de seguir para o Parlamento da UE.
Por ora, as perspectivas de que seja aprovado pelo legislativo britânico extremamente dividido parecem muito ruins, tanto que a primeira-ministra decidiu adiar a votação prevista para esta terça-feira.
O adiamento mina ainda mais a autoridade de May, apesar de oferecer tempo extra para negociações adicionais com a União Europeia e os membros conservadores hostis a sua proposta.
A possibilidade de que o Reino Unido saía do bloco sem um acordo, contudo, está cada vez mais próxima. A data limite para o Brexit é 29 de março de 2019.
Não haverá renegociação
O presidente da Comissão Europeia, o órgão executivo da UE, o luxemburguês Jean-Claude Juncker, disse nesta terça que o acordo do Brexit entre Bruxelas e Londres “não será renegociado”.
“Verei (a primeira-ministra, Theresa) May esta noite. O acordo que estabelecemos em 25 de novembro é o melhor possível e o único possível. Não há espaço para renegociar, mas sim para um maior esclarecimento e interpretação, sem abrir de novo o pacto”, disse
Juncker reconheceu que ficou “assustado” com o fato de terem surgido “problemas no último trecho da corrida” apesar de o acordo já estar fechado. O presidente da Comissão Europeia também se referiu à “garantia” sobre a fronteira norte-irlandesa e insistiu que isto não será renegociado.
A questão irlandesa continua a ser o nó górdio de May. Chamada de “backstop”, essa cláusula do acordo tem o objetivo de manter a fronteira aberta entre a irlanda do Norte, que é território do Reino Unido, e a Irlanda. Nessa região, continuaria a vigorar uma área de livre comércio pelo menos até 2020. Boa parte do Parlamento britânico rejeita esta opção.
O ministro alemão para a Europa, Michael Roth, também reforçou a posição de Juncker. Falando em Bruxelas, onde ministros europeus preparam uma cúpula que começa na quinta-feira, 13, afirmou que não há margem para renegociações e descreveu a possibilidade de rever o acordo como uma “fantasia”.
“Não consigo imaginar onde poderíamos mudar algo substancial no acordo de retirada. Nós não podemos recomeçar as conversas porque já foi difícil o suficiente para os 27 Estados-membros da UE e o Reino Unido chegarem a esse acordo”, disse.
(Com Reuters e EFE)