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Brasil mantém plano de ajuda à Venezuela, mesmo com fronteira fechada

Porta-voz da Presidência insiste que situação em Pacaraima (RR) é "normal" e se esquiva em reconhecer risco de violência na região

Por Denise Chrispim Marin Atualizado em 21 fev 2019, 22h51 - Publicado em 21 fev 2019, 19h40

O Palácio do Planalto anunciou nesta sexta-feira, 21, que não recuará em sua decisão de enviar a ajuda humanitária aos venezuelanos no próximo sábado, 23, mesmo com a decisão do regime de Nicolás Maduro de fechar a fronteira de seu país com o Brasil. O porta-voz da presidência, Otávio do Rêgo Barros, insistiu que a região de Pacaraima (RR), na divisa, continua normal e que não houve “fricção” com os militares venezuelanos.

“Não houve mudança de comportamento das nossas forças. Deram-se apenas as operações normais da faixa de fronteira”, afirmou Rêgo Barros, ao ser questionado sobre a movimentação de tropas e de blindados venezuelanos, agora concentrados na cidade de Santa Helena do Uairén, a 15 quilômetros de Pacaraima.

Fronteira entre Brasil e Venezuela
Congestionamento de veículos após anúncio de fechamento da fronteira que liga o Brasil e a Venezuela, na região de Pacaraima (RR): para o porta-voz Rêgo Barros, situação de ‘normalidade’ – 21/02/2019 (Ricardo Moraes/Reuters)

Segundo o porta-voz, um avião Boing 767 da Força Aérea Brasileira (FAB) embarcou nesta quinta-feira para Brasília carregado com 22,8 toneladas de leite em pó. Na capital, receberá uma carga de 500 kits de primeiros socorros e seguirá para a Base Aérea de Roraima, em Boa Vista. O carregamento será transportado para Pacaraima com segurança da Polícia Rodoviária Federal e da 1ª Brigada de Infantaria de Selva.

A expectativa do governo brasileiro é que o autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, envie caminhões com motoristas para Pacaraima para buscar a carga no sábado. Com a fronteira fechada do lado venezuelano, as mercadorias poderão permanecer armazenadas por até três meses.

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“O planejamento do governo brasileiro continua com a mesma disposição de ajudar os nossos irmãos venezuelanos”, insistiu, ao ressaltar que a Operação Acolhida, para receber os refugiados venezuelanos, seguirá em funcionamento.

Rêgo Barros teve cuidado em indicar que, do lado brasileiro, não haverá nenhum incitamento à violência e que o País espera o mesmo do lado venezuelano. Acentuou que a motivação de Brasília é mitigar as condições de vida da população da Venezuela e relutou em admitir que a situação na fronteira traz risco de explosão de violência.

Nesta quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro reuniu-se com os ministros Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, Onix Lorenzoni, da Casa Civil, e Santos Cruz, da secretaria de Governo, para discutir a questão da Venezuela. segundo Rêgo Barros, o presidente fez contatos com o Itamaraty, que está coordenado o grupo interministerial de envio da ajuda humanitária.

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Mourão

Jair Bolsonaro indicou seu vice-presidente, Hamilton Mourão, como seu representante na reunião do Grupo de Lima no próximo dia 25 em Bogotá, Colômbia. A escolha gerou rumores sobre o esvaziamento promovido pelo Palácio do Planalto ao ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que vinha assumindo essa responsabilidade.

Rêgo Barros tentou neutralizar essa versão e disse que Mourão e Araújo co-participarão do encontro de Bogotá.  “Ao contrário de enfraquecer (o chanceler), esta decisão é uma demonstração de suporte do governo brasileiro à solução da questão da Venezuela”, disse.

O encontro de Bogotá tratará dos mais recentes episódios da crise venezuelana, em especial da resistência de Maduro a renunciar, do apoio ainda consistente da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) ao líder venezuelano e a sua decisão de fechar os três pontos de fronteira por onde entraria a ajuda humanitária internacional – Brasil, Colômbia e ilhas holandesas do Caribe.

Embora os Estados Unidos não sejam membros do Grupo de Lima, serão representados pelo vice-presidente, Mike Pence, no encontro.

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