O México vai deportar mais de 500 migrantes que tentaram cruzar a fronteira com os Estados Unidos no último domingo (25). A decisão foi divulgada pelo ministro do Interior mexicano, Alfonso Navarrete, que definiu a ação do grupo como “violenta” e “ilegal”.
Uma gravação mostra dezenas de pessoas – incluindo mulheres e crianças – correndo em direção à cerca que separa os dois países, na divisa entre Tijuana e São Diego. Os guardas de fronteira americanos usaram gás de pimenta para dispersar a agitação.
Aqueles que tiverem sua participação nos “eventos violentos” podem ser deportados imediatamente, afirmou Navarrete em declaração à imprensa.
Nas horas seguintes ao tumulto, o tráfego de carros na região foi interrompido pela agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA.
O ministro acrescentou que, “longe de ajudar seus objetivos”, as ações dos migrantes violaram o sistema de regras de migração, e poderiam ter causado um “sério incidente”.
A hondurenha Ana Zúñiga, de 23 anos, disse a Associated Press que viu migrantes abrirem um pequeno buraco no arame de um dos muros no lado mexicano da fronteira, até que agentes americanos dispararam gás lacrimogênio contra eles: “Nós corremos, mas quando você corre o gás se torna ainda mais asfixiante”, disse enquanto segurava sua filha de três anos, Valery.
Com o crescente desespero entre os que aguardam na região, cerca de 500 migrantes protestavam pelo direito ao asilo político nos Estados Unidos.
Segundo o ministro do Interior, eles haviam pedido ajuda para organizar o movimento, mas depois foram encorajados por alguns dos líderes da manifestação a se dividirem, para então fazer uma ofensiva em direção a fronteira, e tentar cruzar para o lado americano.
Majoritariamente formado por homens, o grupo quebrou o bloqueio da polícia mexicana próximo a travessia. Carregando bandeiras dos Estados Unidos e de Honduras pintadas a mão, eles entoavam: “Não somos criminosos. Somos trabalhadores internacionais!”
Democrata pede compaixão
Imagens de crianças pequenas fugindo do gás lacrimogênio causaram preocupação de alguns setores dos Estados Unidos. O candidato democrata nas eleições ao governo da Flórida, Andrew Gillum, disse em sua conta no Twitter que os líderes americanos deveriam ser fortes o suficiente para ter compaixão pelos membros da caravana.
No sábado (24), o Washington Post noticiou que a equipe de Trump havia alcançado um acordo com o governo mexicano eleito, que assume o cargo no dia 1° de dezembro, para conter os refugiados ao sul da fronteira. O futuro ministro do Interior negou que algum acordo tenha sido fechado.
Albergue superlotado
Em torno de 6.000 pessoas que atravessaram o México nas últimas semanas estão agora abarrotadas em um campo esportivo improvisado pela prefeitura local.
Eles caminham em direção à ponte de Chaparral, na Califórnia, a 1 quilômetro de onde estão acampados. Imigrantes disseram à Reuters que vão esperar até que possam pedir asilo, apesar das crescentes medidas do governo americano para restringir a imigração.
Na última semana, Trump ameaçou fechar o acesso ao país por tempo indeterminado, se a situação ‘se tornar incontrolável’. Além disso, deu a James Mattis, Secretário de Defesa americano, poderes expandidos para usar o serviço militar na proteção de divisas. O presidente americano confirmou que autorizou o uso de força letal contra os migrantes e refugiados ‘se for necessário’.