Miami elege prefeita democrata pela primeira vez em quase três décadas
Eileen Higgins derrota candidato apoiado por Trump e quebra hegemonia republicana na cidade, indicando possível desgaste do presidente dos EUA
A democrata Eileen Higgins, 61 anos, encerrou quase três décadas de domínio republicano na Prefeitura de Miami ao derrotar, na terça-feira 9, o ex-prefeito Emilio T. González, candidato apoiado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Com quase 60% dos votos, sua vitória na cidade da Flórida foi confirmada por veículos americanos menos de uma hora após o fechamento das urnas.
Foi uma noite cheia de ineditismo. Higgins se tornou a primeira mulher eleita prefeita de Miami e a primeira democrata no cargo desde 1997, bem como a primeira pessoa não hispânica a comandar a cidade em 129 anos. Apesar da participação eleitoral baixa — cerca de 20% —, o resultado carrega forte peso simbólico.
O pleito, normalmente de impacto local, virou termômetro político no quintal de Trump, que tem na Flórida um dos pilares de sua base e venceu o condado em 2016, 2020 e 2024. A perda do principal centro urbano da região acendeu alertas no campo republicano.
Em discurso de vitória, Higgins afirmou que Miami “escolheu competência e estabilidade” após anos de turbulência política. Sua campanha explorou o desgaste provocado por políticas migratórias mais duras, impulsionadas por Trump e pelo governador da Flórida, Ron DeSantis. A linha dura contra estrangeiros gerou reação contrária entre venezuelanos, cubanos e haitianos — grupos que compõem boa parte da população local.
O pleito ganhou contornos nacionais após Trump endossar González publicamente, enquanto o Comitê Nacional Democrata e figuras como Pete Buttigieg, que foi secretário dos Transportes no governo Joe Biden, se mobilizaram em apoio à democrata. Na prática, o confronto transformou-se em um mini-referendo sobre o trumpismo.
Higgins já estava na liderança desde o primeiro turno, com 36% dos votos contra 18% de González. No segundo turno, consolidou um resultado raro na política do sul da Flórida.
O pleito reforçou a boa fase dos democratas, que, apesar de ainda estarem na fase de ensaio da resistência ao governo Trump, acumularam vitórias em disputas estaduais e municipais desde novembro. Analistas veem no movimento um sinal de desgaste republicano na região e um prenúncio das disputas nas midterms, as eleições plantadas no meio do mandato presidencial, em novembro de 2026.
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