O presidente da Argentina, Javier Milei, se encontrará nesta sexta-feira, 5, com representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI) para tratar de um rearranjo do acordo que Buenos Aires mantém com a organização desde 2018, quando pegou emprestados US$ 44 bilhões (cerca de R$ 214 bilhões). Espera-se que o ministro da Economia argentino, Luis Caputo, proponha vários “waivers“, que no economiquês significa pedir uma espécie de perdão pelo não pagamento de dívida e, desta forma, receber novos empréstimos.
Herdeiro da pesada despesa, o ex-presidente Alberto Fernández, derrotado pelo ultraliberal nas últimas eleições, assinou um novo plano de pagamentos em 2020. A Argentina, porém, não cumpriu os últimos repasses, então seria preciso negociar a suspensão da punição por esse calote – que é justamente a não liberação de empréstimo pelo FMI. Milei considera justamente que o não cumprimento das metas estipuladas há quatro anos torna o acordo “virtualmente fracassado”, e portanto passível de duras mudanças.
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O encontro
O porta-voz do governo, Manuel Ardoni, informou que o chefe da Casa Civil, Nicolás Posse, o ministro da Economia, Luis Caputo, e autoridades do Banco Central e do FMI se reunirão para “redirecionar” as negociações. Ele, no entanto, não deixou claro se o governo optará por descartar por completo o pacto atual, que termina em setembro deste ano, ou mantê-lo parcialmente.
Esta será a primeira reunião em Buenos Aires depois que autoridades argentinas e do FMI se reuniram em Washington, em dezembro. Kristalina Georgieva, chefe do órgão financeiro, disse na ocasião que está “muito interessada” em apoiar a Argentina. Pela profundidade do ajuste que Milei já começou a implementar – desvalorizando a moeda em 50% e retirando dos subsídios de transportes e energia, entre outras medidas – o Governo está confiante que terá o apoio do FMI.
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Na encruzilhada
Analistas avaliam que um acordo bem sucedido pode fortalecer a balança de pagamentos da Argentina, ao mesmo tempo em que envia uma mensagem positiva aos investidores internacionais.
Mas o jeito Milei de ser, imprevisível e drástico, pode ser uma pedra no sapato para os planos de Buenos Aires. Há receio de que o controverso plano econômico do presidente, com medidas impostas por decretos e ainda não aprovadas pelo Congresso, seja visto com maus olhos pelo FMI.
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Ainda que tenha apoio popular, já que garantiu 56% dos votos no segundo turno, Milei não possui maioria no Congresso, e precisará superar o obstáculo legislativo para que suas reformas radicais sejam implementadas. Além disso, a vários tribunais estão avaliando se o seu “decretaço”, com mais de 300 propostas, é “inconstitucional” – a justiça já anulou partes da reforma trabalhista nesta quarta-feira.
Ao mesmo tempo, o recém-empossado presidente lida com intensos protestos nas ruas argentinas e uma greve convocada para dia 24, contra as quais o governo tomou a controversa medida de identificar quais manifestantes são responsáveis por fechar e bloquear vias durante os atos para cortar todos os seus benefícios sociais.