Milhares de médicos entram em greve após estudante ser estuprada e morta na Índia
Corpo foi encontrado na última sexta-feira, 9, em um salão de seminários da Faculdade de Medicina e Hospital RG Kar, em Calcutá; um suspeito foi preso
Milhares de médicos entraram em greve na Índia nesta segunda-feira, 12, por maior segurança após uma estagiária ter sido estuprada e morta na Faculdade de Medicina e Hospital RG Kar, na cidade de Calcutá. O corpo foi encontrado na última sexta-feira, 9, em um salão de seminários. Um suspeito, que não teve a identidade divulgada, foi preso.
Após o caso, associações médicas de diferentes estados pediram aos médicos de hospitais públicos que interrompessem os serviços eletivos por tempo indeterminado, com o objetivo de pressionar a Justiça a criar um comitê de proteção para os profissionais de saúde.
“Cerca de 300.000 médicos em todo o país aderiram ao protesto e amanhã esperamos que mais se juntem”, disse Sarvesh Pandey, secretário-geral da Federação das Associações de Médicos Residentes (FORDA), nesta segunda-feira.
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Protestos ao redor da Índia
Na capital, Nova Délhi, e em Calcutá, manifestantes erguiam cartazes que diziam “salvem nossos médicos, salvem nosso futuro”, enquanto médicos realizavam uma vigília à luz de velas em Hyderabad. Nos protestos, eles frisaram que incidentes de violência e ameaças de agressões contra profissionais de saúde são comuns ao redor do país, de acordo com a emissora americana CNN.
“O assassinato desta jovem médica não é o primeiro, nem será o último se medidas corretivas não forem tomadas”, disse a Associação Médica Indiana em uma carta ao ministro da Saúde, publicada no X, antigo Twitter.
O episódio mais emblemático de violência sexual no país ocorreu em 2012, quando uma estudante de medicina foi espancada, torturada e deixada para morrer depois de um estupro coletivo em um ônibus público em Nova Délhi. No ano seguinte, a lei de estupro foi alterada para ampliar a definição do crime e estabelecer duras punições também para outras violações, como agressão sexual, voyeurismo e perseguição. Apenas em 2022, 31.516 casos de estupro foram registrados, uma média de 86 por dia, segundo o National Crime Records Bureau da Índia.