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Milhares de pessoas pedem renúncia de Daniel Ortega na Nicarágua

Protestos se deram no mesmo dia em que o líder camponês Medardo Mairena, preso sob acusação de terrorismo, foi levado ao tribunal

Por Da Redação
15 ago 2018, 20h33

Milhares de nicaraguenses desafiaram a lei que impede protestos e foram às ruas de Manágua nesta quarta-feira (15) para exigir a saída do presidente Daniel Ortega e a libertação de centenas de cidadãos presos durante as manifestações deflagradas em abril.

“Liberdade, chega de presos!”, “Justiça!”, “Povo, una-se!” – gritavam os manifestantes, segurando cartazes com fotos dos opositores e participantes de protestos anteriores presos pelas forças de segurança e bandeiras da Nicarágua.

“Vá embora, vá embora!”, gritavam os presentes, exigindo a saída de Ortega e de sua mulher, a vice-presidente Rosario Murillo, acusados de corrupção, de nepotismo e de instaurar uma ditadura.

A passeata percorreu 7 quilômetros e foi convocada pela Aliança Cívica (organismos da sociedade civil) e apoiada por sindicatos empresariais, que chamaram seus filiados e funcionários para se juntarem à iniciativa.

A multidão avançou a passos rápidos pelos chamados bairros orientais, outrora redutos sandinistas contra a ditadura de Anastasio Somoza e recentemente reprimidos no contexto dos protestos contra o presidente Daniel Ortega. Muitos dos participantes estavam com os seus rostos cobertos por medo de represálias.

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“Prenderam muitas pessoas sem justificativa. O governo não tem argumento para deter civis pelo crime de expressarem o que sentem”, afirmou Tania González, de 26 anos.

“O povo vai às ruas sabendo que tem uma arma na cabeça, que em qualquer momento será preso e acusado de terrorismo”, disse um manifestante que se identificou como Néstor, afirmando que todos estão “no limite com tantas injustiças”.

“Que deixe o poder e que ocorram eleições livres”, pediu Denis Salvador, um operário de 35 anos.

“A solução é a sua saída. Não importa o que aconteça, vamos seguir protestando”, disse um jovem que escondia o rosto com uma bandeira, referindo-se ao presidente Ortega.

Ao menos 500 nicaraguenses foram presos sem ordem judicial por participar dos protestos. Desse grupo, 180 foram processados por terrorismo ou outros crimes, segundo o Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh).

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Em meio à passeata, ocorria nos tribunais o julgamento do líder camponês Medardo Mairena, acusado de terrorismo. Mairena foi levado ao tribunal com o uniforme da prisão, algemado, os cabelos despenteados e visivelmente abatido, conforme retratado no portal oficial 19 Digital.

O líder camponês era um dos membros da mesa de diálogo entre o governo e a opositora Aliança Cívica, com a mediação da Igreja Católica. A negociação está suspensa desde que a Igreja apoiou a tese da oposição de antecipação da eleição presidencial de 2021 para 2019.

Os protestos na Nicarágua começaram em 18 de abril contra uma reforma do seguro social. A repressão do governo e de forças paramilitares levaram a população a alterar suas reivindicações e a pedir a saída de Ortega, há 11 anos no poder. Desde então, mais de 300 pessoas foram mortas.

 

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