Militares dão golpe e prendem líderes do governo de transição no Sudão
Protestos nas ruas do país de todo o país foram reprimidos com violência, com relatos de disparos e pessoas feridas
As Forças Armadas do Sudão prenderam nesta segunda-feira, 25, o primeiro-ministro do país, Abdallah Hamdok, e as principais autoridades civis do frágil governo de transição em um golpe de Estado. Os militares também bloquearam pontes e cortaram o acesso à internet do país. Em resposta, milhares de pessoas saíram às ruas de Cartum e Omdurman para protestar e foram reprimidas. Há relatos de disparos e pessoas feridas.
A movimentação política começou depois que Abdel Fattah al-Burhan, general que chefiava o Conselho Soberano, anunciou estado de emergência em todo o país e dissolveu o próprio conselho e o governo de transição comandado por Hamdok. O premiê foi colocado em prisão domiciliar e obrigado a enviar uma mensagem de apoio ao golpe militar em andamento.
Segundo a emissora Al Jazeera , o ministro da Indústria, Ibrahim al-Sheikh, e o governador da capital Cartum, Ayman Khalid, também estão presos.
Em resposta, o partido pró-democracia Umma, o maior do Sudão, descreveu as detenções como uma “tentativa de golpe” e convocou os cidadãos às ruas. Imagens de emissoras locais mostram pneus sendo queimados e tiros sendo disparados contra opositores perto do quartel-general das Forças Armadas em Cartum.
O Ministério da Informação do Sudão afirmou em uma nota publicada no Facebook que o Exército atirou “com balas reais” contra os manifestantes. Um comitê médico local disse que há ao menos 12 pessoas feridas.
Instabilidade política
O Sudão enfrenta uma transição política precária, marcada por divisões e lutas de poder desde a queda do ditador Omar al-Bashir em abril de 2019, depois de uma onda de protestos.
O Conselho Soberano vfoi criado após a saída de Bashir, que governou por três décadas. A liderança transitória era formada por civis e militares e encabeçada pelo general Abdel Fattah al-Burhan.
Al-Burhan deveria entregar em breve a liderança do Conselho Soberano a um civil. O país também previa realizar eleições gerais em 2023 para escolher um substituto para o premiê.
As tensões políticas no Sudão foram reacendidas no mês passado, quando islamitas conservadores também tentaram organizar um golpe militar. O avanço fracassou, mas desde então manifestações de rua têm sido constantes no país.