Militares portugueses são acusados de filmar torturas a imigrantes
Imigrantes de países como Nepal, Paquistão e Bangladesh levaram socos, chutes e foram obrigados a inalar gás de pimenta
Sete militares da Guarda Nacional Republicana (GNR) de Portugal foram acusados de humilhar, fazer insultos racistas e xenofóbicos e até torturar vários imigrantes de Bangladesh, Nepal e Paquistão, após a divulgação de vídeos pela rede CNN Portugal. Segundo a GNR, dois dos sete militares já foram suspensos e há investigações em curso por parte do Ministério Público.
“Estão envolvidos sete militares do Destacamento Territorial de Odemira, em que três deles são reincidentes” neste tipo de comportamento, afirmou a Guarda Nacional em comunicado.
Os vídeos divulgados pela CNN Portugal foram gravados em 2019 em Odemira, na região do Alentejo, mostram trabalhadores do setor agrícola sendo xingados e agredidos. Um deles é obrigado a inalar gás de pimenta, após os oficiais fingirem que seria uma espécie de teste do bafômetro, enquanto chora pedindo para os militares pararem.
Em outro vídeo, filmado dentro de um posto da GNR, três imigrantes são agredidos nas mãos com uma régua e levam socos e chutes no rosto.
O caso foi criticado duramente pelo primeiro-ministro português, Antonio Costa, que definiu o comportamento como “absolutamente inaceitável”.
De acordo com a Procuradoria, os sete agressores foram acusados de 33 crimes contra imigrantes. Os vídeos foram encontrados no celular de um militar de 25 anos, que gravava as cenas de tortura por diversão, e já estava sendo investigado pelo mesmo motivo pela GNR.
“Durante todos estes atos, os acusados riam e se divertiam com a subjugação que impunha àqueles três indivíduos, sem qualquer justificativa e sem que qualquer um deles levasse a cabo qualquer ação para fazer cessar tais condutas”, afirma o Ministério Público em acusação, obtida pela CNN.
O Ministério Público também concluiu que os atos se devem ao “ódio claramente dirigido às nacionalidades que tinham e apenas por tal facto e por saberem que, por tal circunstância, eram alvos fáceis”.
O caso, no entanto, não é o primeiro neste ano. Em maio, três oficiais da fronteira portuguesa foram condenados à prisão pela morte por espancamento de um ucraniano no aeroporto de Lisboa.