Militares voluntários na Ucrânia podem enfrentar pena de morte, diz Rússia
Dois americanos foram capturados em Donetsk, em mais um episódio de estrangeiros sendo tratados como mercenários por Moscou
O Kremlin disse nesta terça-feira, 21, que dois combatentes voluntários americanos capturados na Ucrânia não estão protegidos pelas convenções de Genebra e podem enfrentar a pena de morte.
“Estamos falando de mercenários que ameaçaram a vida de nosso pessoal”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. “E não apenas a nossa, mas também da DPR e da LPR”, acrescentou, referindo-se às autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Luhansk, controladas pela Rússia.
A mídia russa afirmou que dois dos três voluntários americanos desaparecidos na Ucrânia foram capturados e estão detidos por forças separatistas pró-Rússia. O Kremlin, no entanto, negou que soubesse a localização dos dois homens.
Questionado se os americanos poderiam ser julgados em território controlado pela Rússia em Donetsk e condenados à morte, Peskov disse: “Não podemos excluir nada, porque essas são decisões do tribunal. Nós nunca comentamos sobre eles e não temos o direito de interferir nas decisões do tribunal”.
Os dois homens foram detidos por separatistas apoiados pela Rússia em Donetsk depois de serem capturados na semana passada, segundo a mídia estatal russa.
Alexander Drueke, 39, e Andy Tai Ngoc Huynh, 27, ambos do Alabama, foram filmados pela emissora russa RT em um centro de detenção em Donetsk na última sexta-feira. Os dois americanos desapareceram no início deste mês durante uma batalha ao norte de Kharkiv.
A ameaça de pena de morte contra os dois homens ocorre após a condenação à morte de dois britânicos e um marroquino que se renderam em Mariupol depois de lutar com as forças ucranianas. Há especulações de que a Rússia pode usar os homens para negociar a libertação de soldados russos capturados pelas forças ucranianas.
Embora a Rússia tenha uma moratória sobre a pena de morte, essa moratória não se estende à autoproclamada República Popular de Donetsk.
Apesar das alegações da Rússia e seus aliados na Ucrânia de que as convenções de Genebra não protegem os combatentes estrangeiros capturados – que Moscou caracteriza como “mercenários” –, todos que servem as forças armadas ucranianas devem ser tratados como prisioneiros de guerra.
As convenções de Genebra também proíbem o julgamento de combatentes capturados por participação legal em conflito, em oposição a atos ilegais cometidos durante o combate.
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Um porta-voz do Departamento de Estado disse à emissora americana CNN na sexta-feira 17 que “estamos em contato com as autoridades ucranianas, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e com as próprias famílias [dos combatentes]”.
Em 9 de junho – o dia em que os dois voluntários norte-americanos foram capturados –, um tribunal de Donetsk condenou à morte os cidadãos britânicos Sean Pinner e Aiden Aslin, e o cidadão marroquino Saaudun Brahim. O chefe da República Popular de Donetsk, Denis Pushilin, de que ele não planejava trocá-los por prisioneiros de guerra russos.
“A troca dos homens britânicos condenados à morte na RPD não está em discussão, não há motivos para perdoá-los”, disse Pushilin ao jornal russo Novaya Gazeta na semana passada.
Um terceiro americano, desaparecido em ação na Ucrânia, foi identificado como o ex-veterano da Marinha dos Estados Unidos Grady Kurpasi. Sua família perdeu contato com ele desde o final de abril.