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Morre Frederik de Klerk, último presidente branco da África do Sul

Junto com Nelson Mandela, que o sucedeu no comando do país, recebeu Nobel da Paz em 1993 pelo trabalho para o fim do apartheid

Por Da Redação Atualizado em 11 nov 2021, 11h25 - Publicado em 11 nov 2021, 11h19

Último presidente branco da África do Sul e responsável por negociar o fim do sistema de apartheid, Frederik Willem de Klerk morreu nesta quinta-feira, 11, em sua casa na Cidade do Cabo, aos 85 anos.

“Com grande pesar, a Fundação FW de Klerk anuncia que o presidente FW de Klerk morreu em paz, na própria casa, em Fresnaye, nesta manhã, depois da luta contra um câncer”, indicou a fundação criada pelo ex-chefe de governo em um comunicado. O texto lembra que ele deixa a esposa Elita, os filhos Jan e Susan, além de netos.

FW de Klerk havia anunciado a doença — que atinge o tecido que reveste pulmões, estômago, coração e outros órgãos —, em seu último aniversário, celebrado em 18 de março deste ano.

Ex-presidente sul-africano Frederik Willem de Klerk discursa a estudantes em Pretória. 13/03/1992
Ex-presidente sul-africano Frederik Willem de Klerk discursa a estudantes em Pretória. 13/03/1992 (AFP/AFP)

Em nota, o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, afirmou que ele e seu governo estão tristes pela morte de De Klerk. Segundo o mandatário, seu antecessor desempenhou um “papel fundamental para o estabelecimento da democracia” no país.

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Chefe de governo entre 1989 e 1994, FW de Klerk dividiu o Nobel da Paz de 1993 com Nelson Mandela pelo trabalho conjunto para o fim do apartheid, o regime segregacionista racial que durou quase 50 anos na África do Sul.

Ele foi sucedido por Mandela em 1994, nas primeiras eleições democráticas do país, sob um cenário de grande pressão internacional, após as décadas de opressão de brancos contra negros. 

Entre o legado do ex-presidente está, especialmente, o discurso proferido em 2 de dezembro de 1990, em que anunciou o princípio do fim do apartheid e a libertação imediata dos presos políticos do país, o que incluía o próprio Mandela.

“É tempo de sairmos do ciclo de violências e abrirmos caminho em direção a paz e a reconciliação. A maioria silenciosa anseia isso”, disse FW de Klerk, na ocasião.

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Em 1993, mesmo nunca tendo escondido seu passado racista e tendo participado de uma sociedade secreta que defendia a supremacia branca, ele pediu desculpas pelo apartheid.

Não era nossa intenção privar as pessoas de seus direitos e causar miséria, mas a segregação e o apartheid levaram exatamente a isso e eu o lamento profundamente”, disse à época. 

Perante a Comissão da Verdade e Reconciliação, do arcebispo Desmond Tutu, afirmou que “a história mostra que, no que diz respeito à política do apartheid, nossos ex-líderes se enganaram profundamente no curso em que embarcaram”.

Apesar de lembrado como o líder que abriu caminho para o fim do apartheid, FW de Klerk tem legado um controverso e é alvo de contestações no país, já que as marcas do regime segregacionista continuam presentes na forma de desigualdades socioeconômicas.

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Além disso, ele era reprovado por boa parte da população negra por ter sido incapaz de conter a violência política que antecederam as eleições de 1994. Os afrikaners brancos de direita, descendentes de colonos franceses e holandeses, por sua vez,  viam o político como um traidor das causas nacionalistas.

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