Henry Kissinger, ex-secretário de Estado dos Estados Unidos morreu na quarta-feira 29, segundo sua empresa de consultoria, aos 100 anos de idade. Líder da política externa americana durante a guerra no Vietnã e protagonista do reatar de laços com a China, nos anos 1970, o diplomata recebeu mensagens de luto do mundo inteiro.
O chefe de Estado chinês, Xi Jinping, enviou suas condolências ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, nesta quinta-feira, 30. Kissinger visitou a China mais de 100 vezes e se encontrou com Xi pela última vez durante uma viagem surpresa a Pequim em julho.
“O Dr. Kissinger era um bom e velho amigo do povo chinês. Ele é um pioneiro e construtor das relações sino-americanas”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, em entrevista coletiva.
Contribuições históricas
Segundo Wang, Kissinger fez contribuições “históricas” para a normalização da relação China-EUA, e o povo chinês se lembrará dele por sua “devoção sincera e importante contribuição”.
“Kissinger acreditava que os laços da China com os Estados Unidos são vitais para a paz e a prosperidade dos dois países e do mundo em geral”, declarou o porta-voz. “A China e os Estados Unidos devem levar adiante a visão estratégica, a coragem política e a sabedoria diplomática de Kissinger”, acrescentou.
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Diplomacia de vaivém
Autoridades americanas também lamentaram a morte de um dos principais nomes da diplomacia dos Estados Unidos. Um dos marcos de sua carreira foi possibilitar o histórico acordo de paz de 1979 entre o Egito e Israel, anos após a Guerra do Yom Kippur. Precursor da “diplomacia de vaivém”, atuando como mediador entre os dois inimigos ferrenhos, ele protagonizou o marco de paz no Oriente Médio – feito que o atual secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, elogiou durante visita a Tel Aviv nesta quinta-feira.
“[Kissinger] lançou a pedra fundamental do acordo de paz, que foi mais tarde assinado com o Egito, e de tantos outros processos ao redor do mundo que eu admiro”, disse Blinken enquanto se reunia com o presidente de Israel, Isaac Herzog, para tratar da atual guerra Israel-Hamas.
“Poucas pessoas fizeram mais para moldar a história do que Henry Kissinger”, completou o principal diplomata do governo Biden, na luta para seguir os passos do antecessor.
O ex-presidente George W. Bush destacou a trajetória de Kissinger fora da diplomacia, já que antes de tornar-se secretário de Estado ele, de família judia, fugiu do nazismo para território americano e lutou no exército dos Estados Unidos contra o regime de Adolf Hitler. Além disso, lamentou a perda do amigo por quem ele e sua esposa, Laura Bush, tiveram muito carinho.
“A América perdeu uma das vozes mais confiáveis e distintas nas relações exteriores com o falecimento de Henry Kissinger”, declarou Bush. “Sou grato por esse serviço e conselhos, mas sou muito mais grato por sua amizade. Laura e eu sentiremos falta de sua sabedoria, charme e humor”, acrescentou.
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Marcas por todo o globo
Ao redor do mundo, chefes de Estado e diplomatas compartilharam mensagens de luto. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmou que Kissinger era “um ser humano gentil e uma mente brilhante que, ao longo de cem anos, moldou o destino de alguns dos eventos mais importantes do século”.
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Já o ministro das Relações Exteriores britânico, David Cameron, que também foi primeiro-ministro do Reino Unido, qualificou-o como “um grande estadista e um diplomata profundamente respeitado, que fará muita falta no cenário mundial”.
“Mesmo aos 100 anos, sua sabedoria e consideração brilhavam”, declarou Cameron no X, antigo Twitter.
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Mundo em ebulição
O líder da Rússia, Vladimir Putin, atualmente envolvido em sua guerra na Ucrânia, elogiou a “linha pragmática de política externa” de Kissinger, responsável por “acordos soviético-americanos que contribuíram para o fortalecimento da segurança global”.
O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, afundado até o pescoço em crises, afirmou que a morte de Kissinger “marca o fim de uma era”.
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“Seu formidável intelecto e a sua capacidade diplomática moldaram não apenas o curso da política externa americana, mas também tiveram um impacto profundo no cenário global”, declarou o líder de Israel, que encontrou-se por diversas vezes com o diplomata falecido, a última delas há apenas dois meses, em Nova York.
Em um mundo com tantos conflitos complexos, a perda de um grande diplomata é sentida de forma ainda mais aguda.