O vice-presidente Hamilton Mourão se reunirá com o presidente da China, Xi Jinping, durante sua visita ao país asiático, que será realizada entre os dias 19 e 24 deste mês. O general viaja ainda nesta quarta-feira, 15, mas fará paradas na Itália e no Líbano antes de desembarcar em Pequim.
Em entrevista à TV Brasil, o vice destacou que o governo pode fortalecer o comércio internacional a partir da disputa entre China e Estados Unidos. “O Brasil tem que saber aproveitar o melhor nesse momento. Tem que se posicionar”, disse.
Para o general, o governo de Jair Bolsonaro tem um foco claro de aproximação com a democracia americana, mas deve entender a importância da China. “Temos que ter o pragmatismo suficiente para entender a importância da China para o desenvolvimento econômico do Brasil”, afirmou.
Em Pequim, Mourão será recebido pelo vice-presidente Wang Qishan e também se reunirá com o presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC, semelhante a um Senado), Wang Yang.
Durante sua visita, o general participará da quinta edição da reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), no dia 23 de maio. Também marcará presença em vários fóruns de negócios e atividades culturais.
Já em sua parada no Líbano, o general visitará a Fragata União, que participou de exercícios multinacionais no país no início do mês com as marinhas da Alemanha, da Grécia e da Turquia.
‘Cooperação amigável’
Para o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, o objetivo do encontro com Xi Jinping é impulsionar a cooperação entre as duas economias emergentes. “O Brasil e a China são os maiores países em desenvolvimento do hemisfério americano e asiático e têm um relacionamento maduro e sólido”, disse.
“Nos últimos anos, realizamos parcerias de sucesso em setores como comércio, investimento e finanças, trazendo benefícios para ambas as partes”, divulgou o porta-voz.
Geng observou que este ano marca o 45º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre China e Brasil e que o lado asiático espera aproveitar a oportunidade para “fortalecer a confiança política mútua” e “aprofundar a cooperação amigável e mutuamente benéfica” entre os “dois parceiros estratégicos”.
Além disso, o porta-voz saudou a possível participação brasileira no projeto chinês de investimentos das Novas Rotas da Seda e antecipou que, sobre esse assunto, “já foram realizadas consultas” e “discutidos planos” para “buscar sinergias entre as estratégias de conectividade” das duas partes.
Altos e baixos
As relações entre China e Brasil vêm passando por altos e baixos desde que Jair Bolsonaro chegou ao poder, em janeiro. Durante sua campanha eleitoral, o então candidato do PSL comparou o gigante asiático a “um predador que quer dominar setores estratégicos da economia brasileira”.
Desde então, Mourão se estabeleceu como uma figura conciliadora entre os dois lados, afirmando em diversas ocasiões que o Brasil pretende manter os laços com seu principal parceiro comercial, independentemente das diferenças ideológicas.
Pouco depois de vencer a eleição, Bolsonaro também voltou atrás em suas declarações e, em março, anunciou que pretende visitar o país asiático ainda no segundo semestre deste ano.
A China tem sido o principal parceiro comercial do Brasil no mundo nos últimos cinco anos e o destino da maioria das exportações de matérias-primas brasileiras. O país asiático também mantém investimentos substanciais no país, especialmente na área de energia, e tem interesse em expandir suas injeções de recursos em outros setores, como o agronegócio.
Durante sua entrevista à TV Brasil, o vice-presidente lembrou que Pequim passa por dificuldades no âmbito da segurança alimentar por causa da peste suína africana, vírus que tem dizimado o rebanho de porcos no território chinês. Como consequência, destacou o vice-presidente, o gigante asiático precisa importar proteína animal para alimentar uma população de 1,4 bilhão de habitantes.
“O Brasil tem capacidade extraordinária de produção de alimentos. Então essa estratégia é que nós temos que traçar em ter essa aproximação com o mercado chinês”, disse.
(Com EFE)