Na Tailândia, outra pandemia: macacos tomam cidade e intimidam população
Moradores se escondem de 'gangues' de animais buscando comida, já que suprimento de bananas concedido por turistas caiu devido à pandemia de coronavírus
Os moradores da cidade de Lopburi, na Tailândia, estão confinados em suas casas – mas não por causa de um lockdown contra o coronavírus. Uma crescente população de macacos invadiu a região em busca de comida, depois que o suprimento de bananas fornecido diariamente por turistas sofreu cortes brutais por conta da pandemia.
Habitantes locais até tentaram aplacar a fúria dos animais com outros lanches. Péssima ideia: alimentados com junk food, tornaram-se ainda mais territorialistas, obrigando a população a construir barreiras para se proteger. Além disso, segundo os tailandeses, a dieta açucarada deu mais energia para que os bichinhos intensificassem suas vidas sexuais, reproduzindo-se aceleradamente.
Para evitar confrontos, são os humanos que ficam presos. Em entrevista concedida ao jornal britânico The Guardian, uma moradora disse que “vive em uma gaiola”, apontando para uma rede de cobertura que reveste seu terraço.
Os macacos petulantes costumavam ser tolerados na região porque atraiam visitantes interessados em alimentar e tirar selfies com os animais. A economia da cidade antiga, do século 13, é altamente dependente do turismo. Contudo, depois que a pandemia obrigou o fim desse tipo de atividade econômica, o comportamento dos macacos passou dos limites e o governo decidiu esterilizá-los.
O departamento de vida selvagem da cidade atrai os animais – não com junk food, mas com frutas – e os levam a uma clínica onde são anestesiados e esterilizados. Espera-se que ao menos 500 espécimes passem pelo procedimento até sexta-feira, 26. Como uma verdadeira gangue, os macacos recebem até tatuagem: autoridades marcam aqueles que já foram castrados.
O número dos macacos na cidade de Lopburi dobrou nos últimos três anos para 6.000. Em março, vídeos de brigas por comida nas ruas viralizaram nas redes sociais: o quartel-general da gangue animal é um cinema abandonado, perto do qual um dono de uma loja de brinquedos tenta assustá-los com bonecos de tigre e crocodilo.
O governo local também tem planos para construir um santuário de proteção aos macacos em outra parte da cidade, para afastá-los dos humanos. Apesar da luta diária, a proposta a longo prazo deve sofrer resistência. Como aquele vizinho irritante, mas companheiro, a população afirma que se sentirá sozinha sem as traquinagens desses ilustres moradores.