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Não basta pedir desculpas: o chocante escândalo do dalai-lama

Vídeo gravado provocou ondas de espanto e vergonha, mancha indelével na imagem do homem designado a representar a reencarnação do Buda

Por Fábio Altman Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 10h59 - Publicado em 14 abr 2023, 06h00

O que vem à mente quando se pensa no dalai-lama, o líder espiritual do budismo tibetano? Tranquilidade e paz, palavras de conforto e sinceridade, placidez e sensibilidade. E também a luta renhida contra a ditadura chinesa — desde 1959, quando o Tibete foi anexado pela China, o religioso vive exilado na Índia. Na semana passada, contudo, um vídeo gravado em 28 de fevereiro mas divulgado somente agora provocou ondas de espanto e vergonha, mancha indelével na imagem do homem designado a representar a reencarnação do Buda, a “joia que realiza desejos”. A cena gravada: um menino pergunta se pode abraçá-lo. O dalai-lama aponta para a sua própria bochecha dizendo “primeiro aqui” e lhe dá um abraço. Em seguida, acena para seus lábios e afirma: “Acho que aqui também”. Encosta a testa na cabeça da criança e afirma: “E chupe a minha língua”, o que de fato ocorre. As pessoas ao redor riem. Nas redes sociais, as imagens circularam com estardalhaço. Alguns poucos defenderam o supremo mestre, alegando ser apenas um gesto sem agressividade e aceito na cultura tibetana, mas a grande maioria denunciou o instante asqueroso. O pedido de desculpas foi imediato, em nota oficial. “Sua Santidade costuma provocar as pessoas que conhece de maneira inocente e brincalhona, mesmo em público e diante das câmeras. Ele lamenta o incidente”, disse o comunicado. Desculpas são bem-vindas, mas nem sempre resolvem os problemas criados — e o que ficou registrado foi um homem de 87 anos em postura de evidente pedofilia com um menino de 8, cujo nome, evidentemente, não foi divulgado. Ressalve-se que, no ano passado, um ruidoso livro publicado na França já tinha denunciado a omissão e inação do dalai-lama em episódios de assédio e corrupção. É o caso de vê-lo agora com outros olhos — os da repulsão.

Publicado em VEJA de 19 de abril de 2023, edição nº 2837

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