A ministra alemã do Meio Ambiente, Svenja Schulze, rebateu nesta segunda-feira, 12, as declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre a retirada do investimento alemão para proteção da Floresta Amazônica. No domingo 11, Bolsonaro disse que a Alemanha estava comprando a Amazônia “à prestação” e que o Brasil não “precisava disso”.
Em entrevista ao jornal alemão Deutsche Welle, Schulze disse que a declaração de Bolsonaro mostra que a Alemanha está “fazendo exatamente a coisa certa”.
“Apoiamos a região amazônica para que haja muito menos desmatamento. Se o presidente não quer isso no momento, então precisamos conversar. Eu não posso simplesmente ficar dando dinheiro enquanto continuam desmatando”, completou a ministra.
Schulze, no entanto, indicou que pretende manter as conversas com o governo brasileiro. “No momento, isso não está funcionando muito bem. Mas continuamos tentando, diplomaticamente”, afirmou.
A Alemanha já repassou 193 milhões de reais para o programa de proteção à Amazônia. Segundo a Deutsche Welle, a suspensão de projetos atinge somente o financiamento do Ministério do Meio Ambiente em Berlim. Os investimentos no Fundo Amazônia, por outro lado, seriam viabilizados pelo ministério alemão da Cooperação Econômica.
Svenja Schulze anunciou a retirada do investimento em uma entrevista feita ao jornal Tagesspiegel no sábado 10 devido ao aumento do desmatamento na floresta.
“A política do governo brasileiro na região amazônica deixa dúvidas se ainda se persegue uma redução consequente das taxas de desmatamento”, afirmou a ministra na ocasião.
Não é a primeira vez que Bolsonaro e o governo alemão trocam farpas sobre a Amazônia. Antes do encontro do G20, a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, disse que queria ter uma “discussão clara” com o Brasil sobre os índices altos de desmatamento relatados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) na floresta. Na época, Bolsonaro rebateu afirmando que a alemã não tinha “autoridade” para debater a questão ambiental.
Na última quarta-feira 7, dados do Inpe apontaram que, em julho, o desmatamento na Amazônia cresceu 278% em relação a 2018.