O imperador japonês Naruhito será conduzido a um salão escuro de madeira na quinta-feira à noite para celebrar seu último grande ritual de ascensão depois de se tornar imperador: passar a noite com uma deusa.
O ritual Daijosai se concentra em Amaterasu Omikami – a deusa do sol de quem os conservadores acreditam que o imperador é descendente. É o processo mais abertamente religioso da série de rituais que marcam a ascensão de Naruhito após a abdicação de seu pai Akihito.
O ritual levou a processos judiciais de críticos que vão de comunistas a cristãos, que dizem que ele lembra o passado militarista do Japão e viola a separação constitucional entre Igreja e Estado, já que o governo central paga o custo de 2,7 bilhões de ienes (25 milhões de dólares ou mais de 100 milhões de reais).
A lenda japonesa indica que o imperador tem relações conjugais com a deusa, uma visão apresentada nos livros didáticos anteriores à Segunda Guerra Mundial, época em que o imperador era considerado divino. O avô de Naruhito, Hirohito, em cujo nome o Japão travou a guerra, foi despojado de sua divindade depois que o Japão saiu derrotado.
Mas estudiosos e o governo dizem que o ritual envolve compartilhar uma refeição de pratos de todo o Japão para selar o novo status do imperador.
“Este ritual é basicamente um banquete que envolve a deusa do sol e o imperador”, disse John Breen, professor do Centro Internacional de Pesquisa para Estudos Japoneses, Kyoto, que observa que a maioria das coroações tem elementos místicos. “O imperador é transformado ao participar deste banquete.”
(Com Reuters)