Pesquisas de boca de urna das eleições parlamentares em Israel desta terça-feira, 9, deram vantagem para o general da reserva Benjamin Gantz, do Khalol Lavan, sobre o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, do Likud. Gantz teria 37% dos votos, contra 33% de Netanyahu, que governa o país há dez anos com o apoio dos setores conservadores israelenses.
Apesar da desvantagem nas sondagens, o primeiro-ministro já cantou “vitória definitiva”. “Agradeço aos cidadãos de Israel a confiança”, disse em breve mensagem na sua conta do Twitter, na qual disse também que começará a formar “uma coalizão de governo” com seus “parceiros naturais” ainda nesta noite.
Nas últimas horas de votação, os partidos usaram táticas diversas para convencer seus eleitores a comparecer às urnas. O primeiro-ministro chegou a ir a uma praia, na cidade de Netanya, para pedir aos banhistas que fossem votar em sua legenda, o Likud. “Saiam da água, deixem suas casas e votem no Likud”, disse aos banhistas.
O premiê afirmou nesta terça-feira que, se os israelenses não votassem em seu partido, “acordariam com Yair Lapid como chefe de um governo de esquerda”. Ele se referia ao segundo nome mais importante do partido Kahol Lavan, de seu adversário Benjamin Gantz.
Em mensagens de texto pelo celular e nas redes sociais, os candidatos fizeram seus últimos apelos para que os cidadãos participassem das eleições. Assim como nos Estados Unidos, o voto não é obrigatório em Israel e boa parte dos eleitores não se anima a comparecer às urnas.
Se tais atos acontecessem no Brasil, as candidaturas certamente seriam suspensas e até mesmo impugnadas pelas autoridades eleitorais, já que esse tipo de propaganda no dia da eleição é proibida. Em Israel, contudo, os candidatos demonstraram afinidade com esse tipo de corpo a corpo com o eleitor no dia da votação.
Em uma transmissão ao vivo pelo Facebook, o primeiro-ministro também apelou para o comparecimento dos eleitores às urnas e convocou vários prefeitos aliados a se engajarem nessa missão. Netanyahu ligou para diversos políticos de seu celular e, ao vivo, pediu que eles incentivassem os cidadãos de suas cidades a votarem no Likud.
“Olá, Oded, você está agora ao vivo no Facebook. Você tem que nos ajudar, precisamos que você saia e vote. Obrigado”, disse Netanyahu a Oded Revivi, prefeito de Efrat. “Se você não votar, terá Yair Lapid como seu próximo primeiro-ministro”, afirmou a outro político.
Os partidos também usaram mensagens SMS direcionadas aos celulares de seus eleitores para conseguir votos de última hora. O foco dos torpedos era a acirrada disputa entre Netanyahu e seu principal rival, o ex-chefe do Estado-Maior do Exército e líder do Kahol Lavan, Benjamin Gantz.
“Todo voto que não vai para Kahol Lavan vai para Bibi”, dizia uma mensagem de texto do partido de Gantz. “Todo eleitor que fica em casa vota para Bibi! Se você ainda não votou e quer se livrar de Bibi, agora é a hora de se juntar aos seus amigos e vizinhos e votar Kahol Lavan. “
“A arena é deles 364 dias por ano. Durante 364 dias por ano nós somos chamados de fascistas e corruptos. Durante 364 dias por ano eles gritam, e nós ficamos em silêncio. Mas hoje o dia é nosso. Chame seus amigos e vizinhos e saia para votar! Apenas o Likud! Apenas Netanyahu!”, dizia um dos SMS distribuídos pelo partido do primeiro-ministro.
Câmeras escondidas
Mais cedo, nesta terça-feira, o Comitê Central de Eleições de Israel anunciou que vai apresentar uma queixa contra o Likud por enviar observadores com câmeras escondidas para seções eleitorais durante a votação de hoje.
Segundo o jornal Haaretz, membros da legenda teriam tentado infiltrar ao menos 1.200 câmeras em zonas eleitorais de bairros árabes do país. Os dispositivos eletrônicos foram apreendidos pela polícia antes de ser usados.
O Likud confirmou seu plano de infiltrar câmaras nas seções eleitorais, afirmando que tinha como objetivo combater fraudes.
Benjamin Netanyahu também reagiu ao ocorrido e defendeu a proposta de que todo o processo de votação seja filmado. “Devia haver câmaras em todos os lugares, e não deveriam ser escondidas”, disse o premiê, explicando que essa é a única forma de garantir “uma eleição limpa”.