Netanyahu diz que bombardeios a Gaza são ‘apenas o começo’
Premiê israelense promete destruir o grupo terrorista Hamas e afirma ter apoio internacional para 'trazer a vitória', mas não dá atualizações sobre ofensiva
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, fez um raro discurso durante o Shabat, dia sagrado para os judeus, nesta sexta-feira, 13, prometendo que os bombardeios à Faixa de Gaza, que até agora mataram 1.799 palestinos, são “apenas o começo”.
O discurso aumentou a expectativa no país e no mundo sobre uma invasão terrestre das forças israelenses a Gaza, mas Netanyahu não fez nenhuma atualização sobre o estado da operação, ou sobre a situação dos cerca de 150 reféns do Hamas.
“Estamos lutando pelo nosso lar como leões”, disse o premiê, acrescentando que Israel nunca esquecerá ou perdoará os “atos horríveis dos nossos inimigos”.
Netanyahu também afirmou que o espírito das Forças de Defesa Israelenses (FDI) são uma “inspiração para o mundo inteiro” e destacou o apoio da comunidade internacional à resposta aos ataques terroristas de sábado 7, que deixaram ao menos 1.300 mortos no país. Ele enfatizou a substancial ajuda militar dos Estados Unidos, que enviaram seu secretário de Estado a Tel Aviv, bem como um carregamento de armas e munições em um porta-aviões.
Apesar de sugerir que o avanço da ofensiva em Gaza é iminente, o líder israelense disse que não daria detalhes sobre os planos no momento.
“Nossos inimigos apenas começaram a pagar o preço, e eu não direi mais nada. Isso é só o começo”, afirmou. “Levará tempo, mas terminaremos esta guerra mais fortes do que nunca”, garantiu ele.
Um dos líderes da oposição ao governo Netanyahu, Yair Lapid, criticou a fala do primeiro-ministro, de acordo com o jornal israelense Jerusalem Post. Segundo ele, o discurso provocou ansiedade e medo entre os israelenses, porque pronunciamentos no Shabbat não são comuns, o que teria aumentado temores sobre o que vem a seguir sem justificativa.
“Como pode o primeiro-ministro de Israel deixar uma nação inteira em frenesi por um discurso incomum na noite de sexta-feira, apenas para depois não dizer nada sobre os reféns, [a fronteira] Norte, as retiradas de moradores [de áreas de Gaza]”, afirmou Lapid.
Segundo as Forças de Defesa de Israel, já foram lançadas 6.000 bombas contra Gaza. Na madrugada desta sexta-feira, 13, o exército de Israel informou à Organização das Nações Unidas (ONU) que ordenou aos moradores ao norte da Faixa de Gaza que deixem suas casas e migrem em direção ao sul da região em até 24 horas.
A medida afeta cerca de 1,1 milhão de pessoas que moram na área, também chamada de Cidade de Gaza. De acordo com Israel, a “evacuação é para a própria segurança” dos habitantes de Gaza, pois se trata de “uma área onde ocorrem operações militares”. A ordem, temem os palestinos, sugere uma provável invasão por terra da região.
A ONU se pronunciou sobre o aviso de Israel por meio do porta-voz Stephane Dujarric. Segundo ele, é “impossível que tal movimento ocorra sem consequências humanitárias devastadoras”. Dujarric também pediu que qualquer ordem de ataque de Israel seja rescindida, a fim de evitar “o que poderia transformar o que já é uma tragédia numa situação calamitosa”.