As primeiras horas de sábado, 12, em Kiev, na Ucrânia, foram acompanhadas de alarmes de ataque aéreo e, posteriormente, de bombardeios. Outras cidades ucranianas, como Cherkasy, Kharkiv, Lviv e Sumy, relataram situação semelhante. Na sexta-feira, as forças russas ampliaram seus ataques ao território ucraniano, atingindo aeroportos no oeste do país e um importante centro industrial no leste.
Após duas semanas de guerra, a avaliação por parte de analistas ocidentais era de que o Exército russo estava tentando se reagrupar. Segundo o Ministério da Defesa do Reino Unido, a Rússia estaria tentando “redefinir e reposicionar” suas tropas, preparando-se para operações contra Kiev.
No 16º dia da invasão, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que houve “alguns desenvolvimentos positivos” nas negociações com a Ucrânia. Já o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, afirmou que as forças de seu país “atingiram um ponto de virada estratégico”. “É impossível dizer quantos dias ainda precisaremos para libertar nossa terra, mas é possível dizer que o faremos”, disse ele em vídeo.
Zelenskyy disse que as autoridades estão trabalhando no estabelecimento de 12 corredores humanitários e tentando garantir que alimentos, remédios e outros itens básicos cheguem às pessoas em todo o país. Ele acusou a Rússia de sequestrar o prefeito de Melitopol, Ivan Fedorov, e disse que a ação era um “sinal de fraqueza do invasor”.
Até agora, os russos fizeram os maiores avanços nas cidades do leste e do sul, enquanto combatiam no norte e ao redor de Kiev. A Rússia disse que usou armas de longo alcance de alta precisão para colocar os aeroportos militares em Lutsk e Ivano-Frankivsk no oeste “fora de ação”. O ataque a Lutsk matou quatro militares ucranianos, segundo o prefeito.
Os ataques aéreos russos também atingiram pela primeira vez o Dnipro, um importante centro industrial no leste e a quarta maior cidade da Ucrânia, com cerca de um milhão de pessoas. Uma pessoa foi morta, segundo as autoridades ucranianas.
Ataques frustraram tentativas repetidas de enviar comida e remédios e evacuar civis de Mariupol, uma cidade de 430.000 habitantes. Em um comunicado, o gabinete do prefeito disse que o número de mortos durante o cerco de 12 dias subiu para 1.582.
Em Kharkiv, que está sob forte bombardeio, as temperaturas devem atingir 13 graus abaixo de zero. Cerca de 400 prédios de apartamentos perderam aquecimento, e o prefeito Ihor Terekhov apelou aos habitantes remanescentes para descer ao metrô ou outros abrigos subterrâneos onde cobertores e comida quente estavam sendo distribuídos.
Os últimos ataques ocorreram um dia depois que fotos de satélite pareciam mostrar que a enorme coluna de blindados estacionada por mais de uma semana nos arredores de Kiev havia se dispersado para regiões próximas. Centenas de quilômetros ao sul, em Mykolaiv, bombardeios danificaram um hospital de câncer, segundo o médico-chefe, Maksim Beznosenko. Ninguém foi morto.
Russos e ucranianos realizaram várias rodadas de negociações perto da fronteira com a Belarus, e os ministros das Relações Exteriores dos dois países se reuniram novamente na quinta-feira, na Turquia, sem progresso aparente. Vários países terceiros também tentaram mediar o fim dos combates.
Cerca de 2,5 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde o início da invasão, segundo as Nações Unidas.