Nobel da Paz sai em defesa de Cristina Kirchner e usa Lula como exemplo
Ex-presidente e atual vice-presidente da Argentina foi condenada a seis anos de prisão nesta terça-feira
O arquiteto e ativista dos direitos humanos argentino Adolfo Pérez Esquivel, agraciado com o Nobel da Paz de 1980, comparou nesta terça-feira, 6, as acusações contra a vice-presidente argentina Cristina Kirchner às batalhas do presidente eleito brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, com o Judiciário.
+ Cristina Kirchner é condenada a 6 anos de prisão por corrupção
“Na Argentina há máfias integradas por atores do Poder Judiciário, meios de comunicação e funcionários do governo que acreditam ser impunes para delinquir e perseguir dirigentes populares. Não puderam com Lula, não poderão com Cristina. O povo têm memória”, disse em publicação nas redes sociais.
En Argentina hay mafias integradas por actores del Poder Judicial, medios de comunicación y funcionarios de gobierno que se creen impunes para delinquir y perseguir a dirigentes populares.
No pudieron con @LulaOficial, no podrán con @CFKArgentina.
Los pueblos tienen memoria. pic.twitter.com/1wUMpFvk7j— Adolfo Pérez Esquivel (@PrensaPEsquivel) December 6, 2022
Um dos fundadores do Servicio Paz y Justicia en América Latina, junto a bispos, teólogos e militantes, Esquivel recebeu o Nobel da Paz por seu trabalho na defesa dos direitos humanos, sobretudo no enfrentamento aos crimes de tortura e desaparecimento forçado de militantes políticos e agentes comunitários e pastorais nas ditaduras militares de países da América Latina.
A ex-presidente e atual vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, foi condenada nesta terça-feira a seis anos de prisão por fraudes contra a administração pública, em uma ação conhecida como “Causa Vialidad”. Além da pena, a política também perde de forma perpétua a capacidade de exercer cargos públicos.
Embora tenha sido inocentada do delito de associação criminosa, Kirchner é acusada de direcionar centenas de milhões de dólares em licitações, financiadas pelos contribuintes, para um sócio e amigo de sua família construir estradas na Patagônia, na ponta da América do Sul. Os projetos muitas vezes ficaram inacabados ou foram cancelados.
Antes mesmo da leitura do veredicto, comparações entre Cristina e Lula já haviam sido feitas. Um dia depois do pedido de prisão para a política feito pelo Ministério Público, a governadora da província argentina de Santa Cruz, Alicia Kirchner saiu em defesa da cunhada.
Segundo Alicia, irmã do ex-presidente Néstor Kirchner e ex-ministra do Desenvolvimento Social tanto na presidência dele quanto na da cunhada, as acusações são parte de “uma manobra para deixar a vice-presidente fora da corrida eleitoral”, assim como teriam feito com o ex-presidente brasileiro Lula.
“Uma parte do Poder Judiciário quer perseguir Cristina como fizeram com Lula e outros. Armam casos sem provas para discipliná-la por trabalhar em benefício do povo. Exigimos o fim da perseguição, vivamos em democracia”, escreveu em suas redes sociais, se somando às duras declarações de perseguição política feitas por Cristina Kirchner.
Alicia também comparou as acusações contra Cristina ao que descreveu como “o mesmo que ocorreu com Lula, Correa e outros líderes do continente cujos casos e acusações depois foram derrubados”, citando tanto o ex-presidente brasileiro quanto o ex-presidente equatoriano Rafael Correa.