Nos EUA, 59% não querem usar aplicativo de rastreamento da Covid-19
Versões iniciais do aplicativo, desenvolvido em parceria pelo Google e a Apple, devem ser lançadas ainda nesta semana
Mais da metade da população dos Estados Unidos “definitivamente” ou “provavelmente” não usaria o aplicativo de rastreamento de casos da Covid-19 que está sendo desenvolvido pelo Google e pela Apple, segundo pesquisa realizada pelo jornal The Washington Post e pela Universidade de Maryland divulgada nesta quarta-feira, 29. As duas empresas do Vale do Silício, que juntas respondem pelo sistema operacional de 99% dos smartphones no mundo, anunciaram o lançamento de versões iniciais do aplicativo nesta semana.
Cerca de 18% dos entrevistados afirmaram não ter nenhum smartphone, o que os impossibilita de baixar o aplicativo. Dentre os 82% restantes, que disseram ter pelo menos um aparelho, a metade dos entrevistados disse que “definitivamente” ou “provavelmente” não baixaria o aplicativo. No dado geral, usso significa que 59% americanos não usarão esse instrumento. Grande parte do ceticismo se baseia na desconfiança em relação ao Google e à Apple. Apenas 43% dos entrevistados que afirmaram ter um smartphone confiam em empresas de tecnologia — em comparação, 57% acredita nas agências de saúde pública, e 56% nas universidades.
O Google e a Apple têm trabalhado com especialistas em saúde pública para desenvolver um aplicativo pelo qual as pessoas possam notificar aqueles com quem entraram em contato caso tenham contraído a Covid-19. Cerca de 99% dos smartphones do mundo funcionam sob o Android ou sob o iOS, os sistemas operacionais desenvolvidos respectivamente pelo Google e pela Apple.
Segundo a associação Global System for Mobile Communications (GSMA), que representa 750 operadoras de celular, mais de 2,5 bilhões de pessoas no mundo têm pelo menos um smartphone.
Duas versões iniciais do aplicativo devem ser lançadas ainda nesta semana, segundo o anúncio desta quarta-feira das duas empresas. O Google e a Apple planejam lançar a versão final até meados de maio. A Organização Mundial da Saúde (OMS), que não tem nenhuma participação no desenvolvimento do aplicativo nem demonstrou apoio oficial à iniciativa, insiste na importância do rastreamento dos contatos feitos por pessoas contaminadas com o SARS-CoV-2, o vírus causador da Covid-19.
“Lembro a todos os países que estamos pedindo a vocês para ativar e ampliar seus mecanismos de resposta a emergências, comunicar-se com seu pessoal sobre os riscos e como eles podem se proteger, encontrar, isolar, testar e tratar todos os casos e rastrear todos os contatos [que os pacientes contaminados tiveram]”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanon, após a organização declarar a Covid-19 como uma pandemia.
Segundo a OMS, mais de 3 milhões de casos da Covid-19 foram confirmados até esta quarta. Mais de 207.000 pessoas morreram.
NSO
Além do Google e da Apple, a empresa de tecnologia israelense NSO, que é acusada de participar de um esquema de quebra de segurança de dados do WhatsApp, está desenvolvendo desde março um software para auxiliar no rastreamento de casos da doença.
O software da NSO, porém, não envolveria um aplicativo a ser baixado online pelo usuário do smartphone. Em vez disso, o acesso aos dados dos celulares — e não apenas smartphones — das pessoas seria fornecido principalmente pelas operadoras telefônicas.