Um dos primeiros filmes a serem lançados após o fechamento, e subsequente reabertura parcial, de cinemas em 2020 devido à pandemia de Covid-19, a versão live-action de Mulan, novo longa da Disney, está sofrendo pedidos de boicote por ativistas pró-democracia ao redor da Ásia na semana de sua chegada às salas.
A polêmica gira em torno do apoio da atriz Liu Yifei, que interpreta a personagem principal do filme, à polícia de Hong Kong durante os protestos contra a controversa lei de extradição em 2019.
“Eu apoio a polícia de Hong Kong. Podem me atacar agora”, disse Yifei, que também é cidadã americana, na rede social Weibo.
A lei entrou em vigor quase um ano após o início das grandes manifestações pró-democracia na ex-colônia britânica contra a influência do governo central. O texto permite reprimir quatro tipos de crimes: atividades subversivas, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras, com sentenças que podem chegar à prisão perpétua.
Também acaba com a barreira legal que existia entre o Judiciário da cidade e os tribunais controlados pelo continente. A China continental pode assumir diretamente os casos em três situações: casos complexos de interferência estrangeira, ações consideradas “muito graves” e se existem “ameaças graves e reais” contra a segurança nacional. Outro dispositivo prevê a jurisdição universal para os crimes de segurança cometidos em outros países.
Ativistas pró-democracia na Tailândia e em Hong Kong aproveitaram a data e pediram pelo boicote ao longa.
Joshua Wong, principal ativista pró-democracia de Hong Kong, pediu o boicote ao filme usando as redes sociais. Wong acusa Yifei de ser “um ícone do autoritarismo traindo de bom grado os valores que Hollywood dá à personagem”. Na história do filme, Mulan é uma heroína que defende a China contra uma força invasora.
This film is released today. But because Disney kowtows to Beijing, and because Liu Yifei openly and proudly endorses police brutality in Hong Kong, I urge everyone who believes in human rights to #BoycottMulan. https://t.co/utmP1tIWNa
— Joshua Wong 黃之鋒 😷 (@joshuawongcf) September 4, 2020
O ativista tailandês Netiwit Chotiphatphaisal também vem usando suas redes sociais para pedir o boicote ao filme.
“A Disney e o governo chinês sabem que a violência do Estado contra as pessoas é inaceitável”, escreveu.
Na Tailândia, manifestantes tomaram as ruas para protestar por reformas democráticas e contra “aquele que não deve ser nomeado”, em alusão ao monarca, que governa o país com apoio do Exército e mantém um Parlamento fantoche após um golpe militar em 2014. As manifestações ficarem conhecidas pela referência ao vilão dos livros da saga do bruxo Harry Potter, uma vez que é crime no país contrariar o rei.
พรุ่งนี้ Mulan เริ่มฉายวันแรก แต่เรายังไม่ลืมที่นักแสดงมู่หลานสนับสนุนการใช้ความรุนแรงของตำรวจต่อผู้ชุมนุมฮ่องกงที่ต่อสู้เพื่อเสรีภาพและประชาธิปไตย
เชิญชวนทุกคน #BoycottMulan #BanMulan เพื่อให้ทางดีสนีย์และรัฐบาลจีนรู้ว่าความรุนแรงของรัฐต่อประชาชนเป็นสิ่งที่ยอมรับไม่ได้ pic.twitter.com/g7bkIoTo9r— Netiwit Chotiphatphaisal (@NetiwitC) September 3, 2020
O filme foi lançado nesta sexta-feira, 4, na plataforma de streaming da Disney nos Estados Unidos e em cinemas selecionados.