O novo chefe de governo da Itália, Giuseppe Conte, conseguiu nesta terça-feira (5) conquistar a confiança do Senado, que aprovou sua posse após apresentar uma ambiciosa agenda política “populista”, centrada na luta contra a imigração clandestina, reativação do crescimento e abertura para a Rússia.
“Se populismo significa ser capaz de ouvir as necessidades do povo, então nós o reivindicamos”, afirmou Conte, que desde sexta-feira (01) lidera o primeiro governo populista em um país fundador da União Europeia (UE).
O governo obteve 171 votos a favor, 117 contra e 25 abstenções. A aprovação definitiva deve chegar na quarta-feira (06), na Câmara dos Deputados.
Novato na política, desconhecido para os italianos até duas semanas atrás, Conte, advogado de 53 anos, enfrentou com convicção o hemiciclo do Senado.
Acompanhado por seus dois vice-primeiros-ministros, Luigi di Maio, líder do Movimento Cinco Estrelas (M5E, antissistema) e Matteo Salvini, da Liga (extrema direita), Conte anunciou desde o princípio que será o “garantidor” do “contrato de governo” assinado entre esses dois representantes da maioria.
“Sou um cidadão que se declarou disposto a assumir esta responsabilidade de presidente do Conselho e a ser garantidor do contrato de mudança”, declarou.
Não obstante, disse estar “consciente da responsabilidade que assumi e bem consciente das prerrogativas que a Constituição atribui ao presidente do Conselho”.
Sem surpresa, Conte confirmou os objetivos contidos no “contrato” de governo: redução dos impostos, luta contra a imigração clandestina, salário-cidadão (uma espécie de renda de inserção para os mais pobres) e a revisão de certas regras europeias, começando com o direito de refúgio previsto no acordo de Dublin, que deixa o essencial da carga de acolhida de migrantes aos países localizados na primeira linha, como a Itália.
Crise migratória
Durante o discurso, Conte insistiu em um sistema “automático” e “obrigatório” de repartição dos solicitantes de refúgio na Europa. “Colocaremos fim ao ‘negócio’ da imigração, que aumentou descontroladamente sob pretexto de uma falsa solidariedade”, afirmou.
Em relação aos assuntos europeus, Conte afirmou que a colossal dívida italiana deve ser reduzida, favorecendo a criação de emprego, mas não com medidas de austeridade, conforme os compromissos do M5E e da Liga.
O chefe de governo reafirmou o pertencimento da Itália à UE e sua vontade de abertura em relação à Rússia, embora tenha reforçado a adesão de seu país à Otan. “A Europa é a nossa casa”, disse Conte, acrescentando que quer uma “Europa mais forte, mas também mais justa”.