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Número de líderes populistas no mundo é o mais baixo em 20 anos

De acordo com pesquisa do Tony Blair Institute, ano de 2023 pode ser decisivo para o populismo, principalmente por eleições na Turquia e na Polônia

Por Da Redação
Atualizado em 6 jan 2023, 19h06 - Publicado em 6 jan 2023, 19h04

Com a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições brasileiras e a vitória de diversos líderes progressistas e centristas nos últimos anos, o cenário político mundial se transformou profundamente. Um estudo feito pelo Tony Blair Institute e publicado pelo jornal britânico The Guardian na quinta-feira aponta que o número de líderes populistas é o menor em 20 anos e, atualmente, a quantidade de pessoas que vivem sob um governo populista caiu em 800 milhões. 

De acordo com a pesquisa, o ano de 2023 pode ser decisivo para o populismo, principalmente com as eleições presidenciais críticas na Turquia e na Polônia, que podem levar à queda dos dois governos populistas mais influentes do mundo. No entanto, a mudança no cenário político destas duas nações requer que os partidos de oposição se unam e formem programas de coalizão mais claros.

Para o instituto, há três categorias do populismo; sendo elas o cultural, que tem apelo etnonacionalista de direita; o socioeconômico, que agrada a esquerda; e o anti-establishment, que concentra em atingir as elites. 

Além de Bolsonaro, o esloveno Janez Janša também foi derrotado em eleições acirradas em 2022. Já na Filipinas, apesar da dinastia mais notória do país ter voltado ao poder com a eleição do filho do ex-ditador Ferdinand Marcos, o ex-presidente populista Rodrigo Duterte foi limitado a apenas um mandato e não pode concorrer à reeleição. No Sri Lanka, o chefe de Estado Gotabaya Rajapaksa foi expulso do cargo após uma onda de protestos. 

Na América Latina, boa parte do declínio do populismo se deu por conta de uma geração de esquerdistas moderados em todo o continente que rejeitam “a retórica populista” e se concentram em uma “economia progressista e direitos sociais”, de acordo com a pesquisa do Tony Blair Institute. No passado, a esquerda populista focava na nacionalização das indústrias. 

Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, durante encontro em Moscou. 05/03/2020
Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. 05/03/2020 (Mikhail Svetlov/Getty Images)

+ Os preocupantes sinais populistas no início do novo governo Lula

Outro ponto observado pelo estudo são as eleições de meio de mandato nos Estados Unidos, nas quais a maioria dos candidatos que apoiavam fortemente o ex-presidente Donald Trump e defendiam o nacionalismo de direita e as teorias da conspiração não conseguiu se eleger ou teve um baixo desempenho. 

“Depois de derrotarem vários republicanos moderados em eleições primárias em estados indecisos, os candidatos de Trump perderam a maioria dessas disputas em novembro, custando aos republicanos o controle do Senado e vários governos”, diz o documento. “Mais notavelmente, eles perderam todas as eleições estaduais para cargos envolvendo administração eleitoral em estados indecisos”. 

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O relatório publicado pelo Guardian afirma ainda que cerca de 1,7 bilhão de pessoas vivem sob o comando de um líder populista. Em 2020, o número era de 2,5 bilhões. Segundo o instituto, o populismo tanto à esquerda quanto à direita é definido por duas características: quando o “verdadeiro povo” de um país está preso em um conflito moral com “forasteiros” e quando nada restringe a vontade desta população.  

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Dos onzes regimes populistas em todo o mundo, sete são quase inteiramente compostos por populistas culturais de direita. No entanto, o populismo cultural tem lutado para formar governos efetivos, especialmente quando enfrentam desafios econômicos ou questões complexas, como a pandemia do Covid 19, visto que quatro governos – Brasil, Filipinas, Eslovênia e Sri Lanka – caíram do poder em 2022.

Em contrapartida, a Itália, Israel e Suécia elegeram candidatos populistas em 2022, não podendo assim alegar que o populismo foi derrotado. Na França, a extremista Marine Le Pen foi derrotada pelo presidente Emmanuel Macron, porém seu partido obteve bons resultados no legislativo. Já Reino Unido, o Partido Conservador vai enfrentar desafios depois que o partido populista de direita, Reform UK, prometeu apresentar candidatos de oposição, quebrando o pacto de 2019 do Partido da Independência do Reino Unido de não se opor aos conservadores.

Marine Le Pen durante entrevista à imprensa sobre planos para política externa. 13/04/2022
Marine Le Pen durante entrevista à imprensa sobre planos para política externa. 13/04/2022 (Emmanuel Dunand/AFP)

+ O espectro da ultradireita rondou a Europa em 2022

O relatório afirma que os partidos anti-populismo precisam reconhecer que necessitam de abordagens diferentes quando estão no poder e quando os populistas estão no comando. Assim, é fundamental que eles tenham uma agenda política clara e substantiva própria e não focarem em campanhas negativas contra adversários populistas. 

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Para o autor do estudo, Brett Meyer, há uma tendência ao centrismo progressista em diversos países. “Os centristas vão continuar a reverter as fronteiras do populismo em 2022 com o número de populistas no poder caindo para o menor nível em 20 anos.”, disse ao The Guardian. 

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