Número de mortos por terremoto no Marrocos passa de 2.800
Cerca de 48 horas depois da tragédia, equipes de resgate ainda lutam para encontrar sobreviventes
O número de mortos no Marrocos já passa de 2.800, com 2.476 feridos, depois que um terremoto de magnitude 6,8 atingiu o país 72 quilômetros a sudoeste de Marraquexe, na noite da última sexta-feira, 8. O tremor foi o mais mortal no país em mais de seis décadas.
Mais de 48 horas depois da tragédia, equipes de resgate continuam a correr contra o tempo para encontrar sobreviventes entre os escombros das aldeias e vilarejos nas região montanhosa do Alto Atlas. Espanha, Reino Unido e Qatar também enviaram reforços para auxiliar os marroquinos nas buscas pelas vítimas.
Com grande parte da zona do terremoto em áreas de difícil acesso, o impacto total ainda não foi registrado. As autoridades não divulgaram quaisquer estimativas sobre o número de pessoas ainda desaparecidas.
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O Alto Atlas é conhecido pelas característica das suas tradicionais casas de tijolo de barro, pedra e madeira áspera. Porém, essas construções tradicionais desmoronaram facilmente em montes de escombros quando o terremoto ocorreu e tornam a busca por sobreviventes mais difícil.
“É difícil retirar as pessoas com vida porque a maioria das paredes e tetos se transformaram em escombros de terra quando caíram, enterrando quem estava lá dentro sem sair do espaço aéreo”, disse um militar que ajuda nos resgates, à mídia local.
O terremoto também destruiu parte do patrimônio cultural de Marrocos. Os edifícios da cidade velha de Marraquexe, Patrimônio Mundial da UNESCO, foram danificados e a Mesquita Tinmel, do século XII, também teve grande parte da sua construção afetada.
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De acordo com o Serviço Geológico dos EUA, o terremoto foi o mais mortal da do Norte da África desde 1960, quando se estima que um tremor tenha matado pelo menos 12 mil pessoas, e o mais poderoso desde pelo menos 1900.
Até o momento, nem o rei Mohammed VI nem o primeiro-ministro Aziz Akhannouch se pronunciaram sobre a tragédia. O porta-voz do governo, Mustapha Baytas, disse que todos os esforços estavam sendo executados. O governo disse que enviou o Exército e está reforçando as equipes de busca e salvamento, fornecendo água potável e distribuindo alimentos, tendas e cobertores.
Enquanto isso, em Imgdal, uma aldeia a cerca de 75 quilômetros a sul de Marraquexe, sobreviventes se amontoam em tendas improvisadas montadas ao longo da estrada e junto a edifícios danificados. Já na aldeia de Tafeghaghte, o morador Hamid ben Henna descreveu como o seu filho de oito anos morreu nos destroços depois de ter ido buscar uma faca à cozinha para cortar um melão enquanto a família jantava. O resto da família sobreviveu.
A União Europeia disse que vai liberar um montante inicial de 1 milhão de euros (R$ 5,2 milhões) para organizações de ajuda não governamentais marroquinas. Autoridades europeias também afirmaram já estar em contato com o governo de Marrocos e ofereceram assistência total, caso fosse necessária.