Oferta Consumidor: 4 revistas pelo preço de uma

O curioso caso do Vietnã: o país pobre que derrotou a Covid-19

Nação do sudeste asiático não registrou uma morte sequer e deve fechar o ano com crescimento econômico

Por Ernesto Neves Atualizado em 20 Maio 2020, 14h38 - Publicado em 20 Maio 2020, 13h18

Enquanto o Brasil acumula 270.00 casos confirmados e mais de 17.000 mortes pela Covid-19, e nações desenvolvidas como os Estados Unidos, Reino Unido e Itália perderam o controle sobre a epidemia, uma nação pobre do Sudeste Asiático vem espantando o mundo.

Trata-se do Vietnã.

Com 1.100 quilômetros de fronteira com a China, origem da pandemia, o país registrou apenas 324 infectados e nenhuma morte. Isso mesmo, não houve vítimas fatais. A estratégia foi tão bem sucedida que o país deve ser um dos poucos do mundo este ano a não ter recessão. Segundo análise feita pelo economista especialista em Ásia Sian Fenner, da Universidade de Oxford, na Inglaterra, o PIB deve ter expansão na casa dos 2%.  

Um resultado espantoso, que coloca o Vietnã no restrito clube dos que conseguiram debelar o surto antes que ele se espalhasse. São eles Coreia do Sul, Alemanha, Nova Zelândia, Portugal, Islândia e China

Há, porém, diferença importante em relação aos seus pares. O Vietnã é pobre, tem uma população de 95 milhões de habitantes, cidades extremamente densas e infraestrutura precária. Além disso, foi arrasado por uma guerra contra os Estados Unidos há menos de 40 anos, que até hoje traz consequências.

Continua após a publicidade

Como o Vietnã conseguiu? O segredo está na seriedade: poucos levaram a ameaça da epidemia tão a sério quanto os vietnamitas.

Continua após a publicidade

Ainda em janeiro, durante as celebrações do Ano Novo lunar, o governo federal afirmou que estava “declarando guerra” ao coronavírus. Isso quando o surto ainda estava restrito à cidade de Wuhan, na China. Em reunião do Partido Comunista, o primeiro-ministro Nguyen Xuan Phuc disse que o problema logo chegaria ao território.

“Combater essa epidemia significa lutar contra o inimigo”, disse. Em seguida, o premiê suspendeu todos os voos para a China, emitiu restrições de visto a estrangeiros e reforçou a passagem de fronteira com seus vizinhos.

Combate ao Coronavírus no Vietnã
Estudantes fazem campanha pelo uso de máscara e o isolamento social (Reprodução/Reprodução)
Continua após a publicidade

A principal arma dos vietnamitas contra o patógeno foi a forma mais rigorosa da quarentena, o lockdown. A medida foi decretada logo no início, antes mesmo do vírus se espalhar. Em Hanoi, segunda maior cidade do país, entrou em vigor quando haviam somente 10 casos confirmados.

É o contrário do que fizeram chineses e italianos, que só apelaram para o lockdown como último recurso, quando as infecções já se contavam aos milhares.

O governo mobilizou ainda um exército de rastreadores para ir atrás e isolar todos os possíveis infectados.  Outro contingente de 90.000 médicos foi colocado de prontidão para cuidar dos casos.

O esforço hercúleo do Vietnã evitou que o país sofresse com suas deficiências. O governo sabia que não poderia contar com uma rede de saúde pública robusta para conter a infecção, como fizeram alemães e chineses. Ho Chi Mihn, a maior cidade do país, com 8 milhões de habitantes, tem apenas 900 leitos de emergência. Ou seja, no caso de uma epidemia, o colapso da rede hospitalar aconteceria já nos primeiros dias.

Também não conta com tecnologia de ponta, como os coreanos, que puderam cadastrar e rastrear infectados através de aplicativos criados em poucos dias.

Continua após a publicidade

Nesse caso, apelaram para a ajuda das Forças Armadas, instituição nacional mais respeitada. Há soldados de prontidão em praticamente toda esquina nas grandes cidades para checar se as medidas de isolamento social e proteção estão sendo cumpridas.

O Partido Comunista, que controla o governo e é a única legenda política do país, passou a utilizar a mídia estatal para campanhas massivas. Celebridades do país foram convocadas para protagonizar vídeos explicativos e cartazes.

E, numa medida que provocaria grande polêmica em países do Ocidente, quem é infectado pelo novo coronavírus tem sua identidade divulgada nas redes sociais oficiais e na imprensa. A violação da identidade, defende o governo, tem como objetivo localizar todos que tiveram contato com o doente.

O Vietnã também tornou-se exemplo de solidariedade internacional. Desde janeiro, já enviou 500.000 máscaras para a Europa, assim como equipamentos de proteção para médicos do Camboja, Laos e China.

Até os Estados Unidos, algozes na dura guerra travada entre os anos 1960 e 1970, vem sendo ajudados. O Partido Comunista despachou milhares de kits de testagem para os americanos. Cada kit custa 25 dólares e apresenta o resultado em 90 minutos.

Continua após a publicidade

Uma tremenda ironia do destino.

Combate ao Coronavírus no Vietnã

Um dos cartazes espalhados pelo governo: isolamento levado a sério

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

SEMANA DO CONSUMIDOR

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas R$ 5,99/mês*
ECONOMIZE ATÉ 47% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Nas bancas, 1 revista custa R$ 29,90.
Aqui, você leva 4 revistas pelo preço de uma!
a partir de R$ 29,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.